quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quatro Poeminhas



MENINO RUIM

Vive dentro de mim
O menino descalço, franzino,
Das margens do Rio Capivarí...
E como incomoda esse menino!

Xô menino ruim!


ALUCINAÇÕES

Jorra o sangue desde uma incisão na aorta.
A lua é sanguinolenta e torta
Porém não ainda morta
Meu último sonho sai batendo a porta
De eu para mim digo: que me importa!


SOLUÇO



Não me apavora a morte,
Mas a dor.
Tão pouco a paixão,
Mas o amor.


LONGEVO



Quando eu tiver que ir, sem susto irei...
Porém não sem antes adoçar minha boca
Na pureza de uma outra infância.


***

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

MRL - Movimento Reveillion em Lavras

Depois de um extenso Post sobre a volta da Pampulha, vou ser mais objetivo e direto nesse. O que vocês acham de passarmos o Revellion 2010 juntos em Lavras? Já troquei umas idéias com Milton, Naira, Marco e Nelson sobre esse assunto. O Tarlei já escreveu um post reclamando de saudades e o Thiago enviou um e-mail do Thiago informando que passará o fim de ano em Lavras e pior, disse que vai acompanhado.

Sugiro que a passagem de ano seja feita na nossa casa, pois com a chuva que tem caído por essas bandas de cá acho que no sítio pode complicar.

Posso até organizar, claro que terá que ser mais simples do que fizemos no natal do ano passado. Pensei numa ceia simples com pernil assado pela Naira, arroz feito por quem quiser e souber fazer, uma farofa, um salpicão e sei lá mais o que. Pensei numas entradas para tira gosto sem muita invenção.

O importante é conseguirmos nos reunir nesse final de ano. Acho que seria importante esse encontro, pois sempre fizemos assim. Tenho certeza que nossos pais ficariam felizes se nos encontrássemos na casa deles.

Beijo a todos.
Dado

Ah Ah Uh Uh a Pampulha é nossa!!!!

Olá Ferreira do meu Brasil varonil , como todos sabem desde abril desse ano tenho corrido pelas ruas de BH. Em maio contratei uma assessoria esportiva para montar minhas planilhas de treinamentos.

Eu que achava que correr era muito simples aprendi coisas importantíssimas para um bom desempenho nas ruas. Aprendi por exemplo que corrida e 70% pernas e 30% braços, que alternar o ritmo da corrida é essencial, conheci um treinamento chamado Fartlek que é corrida em subidas e descidas.

Juntamente com o meu treinador, Diego, tracei as metas para 2009, fazer corridas de 10 e 5 km e para no final do ano enfrentar o grande desafio, a Volta Internacional da Pampulha marcada para o dia 06/12/2009. O percurso total é de 18km pela orla da famosa lagoa dos mineiros.

A semana que antecede a corrida era para ser tranqüila com treinamentos leves. Mas como sempre tem um mas, eu e Lu resolvemos mudar de casa semana passada (isso será outro post). Ai a semana não foi nada tranqüila. Não treinei nenhum dia, carreguei peso até não poder mais, e para piorar quebrei a unha do dedão do pé. Enfim, com tantas adversidades temi que o objetivo do ano não fosse cumprido.

Entretanto eu não ia perder a oportunidade de pelo menos tentar conquistar a Pampulha. No domingo acordei cedo com uma chuvarada danada, calcei o tênis para testar se a unha iria doer (não doeu, minha médica particular fez um excelente serviço), coloquei uma correntinha e a aliança de nossa mãe no pescoço e parti decidido para a Lagoa.

Chegando na Pampulha havia uma multidão, 12.500 inscritos, sem contar os pipocas(aqueles que correm sem inscrições). Gente de todo tipo. Um fantasiado de planta, outro de Batman, um de esqueleto, enfim gente para todo tipo de gosto.
Nove horas da manhã fui para a fila da linha de largada. Enfrentei a chuva e a multidão e sai correndo pela rua. Uma hora, 42 minutos e 48 segundos depois cruzei a linha de chegada em 3940º lugar geral e 646º na faixa etária de 35 a 39 anos masculino. Tai a prova

Enfim Ferreirada, vocês podem dizer que a Pampulha é nossa!!!!!!

Para o próximo o ano o objetivo é fazer uma meia-maratona (provavelmente a do Rio) e baixar o tempo na Pampulha quero fazer em menos de 1h30min. Além das pequenas provas de 10 km. Agora as provas de 10 km ficaram pequenas hahahahahaha

Beijo para todos,
Dado

sábado, 5 de dezembro de 2009

Roberta & Fernando

Mais uma brincadeira, esta no estilo Eduardo e Mônica.


ROBERTA & FERNANDO


Berta tem bebido demais e quanto mais bebe, mais fuma e mais despudorada se torna. Quem a conhece sóbria, coisa que tem se tornado cada vez mais rara, não a reconhece quando sob efeito dos vapores etílicos. No popular: Quando chapada! Uma depravada... Se não chega a tanto, passa perto. O vocabulário, um espanto... (Dis)puta palmo a palmo com o de uma bichinha irada no calçadão de Copacabana. De seus lábios frouxos escapam, tropeçando na língua e nos dentes, impropérios capazes de fazer corar a mais ordinária das prostitutas do cais do porto e a compostura de seu traje, após uns tantos tragos, completam o estrago... Mas, todos concordam: Berta é gente boa, e bonita. Bastante bonita embora um tanto cheiinha. Alegre e descolada e por isso mesmo sempre rodeada por amigos, a maioria deles homens.

Fernandinho, ao contrário, é o tipo do rapaz certinho. Desde sempre tão arrumado e comportadinho que, quando menino, as más línguas afirmavam que não escapava de representar uma Colombina num futuro desfile na Sapucaí. Não se fantasiou, mas continuou sendo o arrumadinho da Titia Vera: Os cabelos bem aparados e rigorosamente penteados, os sapatos polidos a espelho, a camisa, impecavelmente passada, abotoada até o colarinho... Enfim, um babaca. Se não chega a tanto, passa perto. E por isso mesmo, um solitário.

Dois seres absolutamente díspares: Menino Jesus e o filhote do capeta, São Francisco de Assis e o devastador de florestas tropicais, Conde Drácula e a cruz... Mas quis o destino que essas figuras se encontrassem.

Estava Fernandinho comportadamente sentado num banquinho junto ao balcão, tendo na sua frente uma média de café com leite, pão torrado com manteiga e o Jornal do Comércio, quando Berta, dirigindo-se com alguma urgência para o banheiro, tropeçou num palito e mais desequilibrada do que de costume, lançou-se ao encontro dele. Por sorte, naquele momento, as mãos de Fernandinho encontravam-se desocupadas, podendo então ele a aparar: As duas mãos espalmadas contra os peitos de Berta. Alguns segundos de surpresa e indecisão, a urgência de banheiro escorrendo pernas a baixo e um súbito bofetão na face esquerda de Fernandinho... Embasbacado, tudo que ele atinou fazer foi esticar o braço e lhe oferecer uma torrada com manteiga.

- Manteiga uma pinóia! Margarina. - Exclamou ela com aquele sotaque de carioca suburbana. E dirigindo-se ao garçom: - Desce uma vodka! - Que veio e foi tomada de um só gole. - - - “Desce outra!”... – Pediu batendo o copo vazio contra o balcão.

Uma fada, uma ninfa, uma criatura divina de um mundo encantado e que delicadeza, que doçura de mulher... Instantaneamente apaixonado, era assim que Fernandinho a via. Hipnotizado, sem desgrudar os olhos da inusitada musa, as palmas das mãos incendiadas pelo calor dos seios de Berta, a viu entornar, em minutos, quatro ou cinco doses de vodka.

- Tais olhando o que, mermão?- Perguntou ela, irritada.

- Ah, vai te fuder. – Berrou, enquanto descia do banco.

Banco alto, centro de gravidade deslocado, equilíbrio instável, não deu outra: Despenca Berta em direção ao piso, arrastando um apavorado Fernandinho... Primeiro ele por baixo, depois por cima, de novo por baixo... Um agarra-agarra, um rola-rola, um desvencilha-me-abraça, sem fim, até que, muitos trancos e encontros e desencontros depois, quedam-se imóveis no ladrilho do bar. Berta: ronronando; Fernandinho: Olhos sonhadores, cigarro pendido nos lábio, teve ainda tempo de ordenar ao garçom:

- Desce uma vodka!

Antes de se desfazer e evaporar...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dezembro

Fazenda da Guanabara, 11 de dezembro de 2005.


Dos restos, ficou apenas o engasgo,
Gosmas atravessadas no por de sol,
Os gemidos encarcerados por reis magos,
E a vida que segue chafurdando no lamaçal.

É natal.

Despertai almas deprimidas
Espelhos estilhaçados desdenham sua dor
E expõem suas sórdidas feridas
Às asperezas do amor.

É natal.

Despertai instintos suicidas,
Que as noites estão inundadas de solidão
Que as lágrimas secaram como secou a vida.
Que dezembro é dezembro e dezembro é fim.

É natal.

Ah, sim. Todos se foram...
Ficaram apenas os doidos
E suas imagens enluaradas
Tremulando nas águas do rio.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Um leve toque de desleixo

Não sei se nosso pai foi um homem bonito – talvez não para os padrões de beleza atualmente estabelecidos. O que sei é que mamãe se mordia de ciúmes dele e que ele não regateava gentilezas e charme para com as mulheres, bonitas ou não (especialmente, é claro, para com as mais belas), que por uma razão ou outra haviam decidido nos visitar em Paulo Freitas e mulheres, todos sabemos, são sempre iguais... Assim, não era incomum constatar, para a exasperação de mamãe, uma ou outra (ou várias... ou todas) se derretendo ante o seu cavalheirismo.

O fato inegável é que ele tinha um jeito todo especial no trato com o sexo oposto.

Não que isso significasse a intenção de conquista... Não, não se tratava de disto. Apenas era de sua índole: Um galanteador, um gentleman... Mas, justiça seja feita, era para mamãe que ele dedicava o melhor de si.

Eu, lá pelos meus dezesseis ou dezessete anos de idade, admirava aqueles seus atributos e me esforçava, sem muito sucesso, para me apresentar equivalentemente perante minhas amiguinhas e, para tanto, ficava atento à sua doutrina e foi assim que descobri o tal de “um toque de desleixo”:

Foi quando me aprontava para um baile “julino” do Colégio Estadual Dr. João Batista Hermeto. Ajeitei-me: Brilhantina nos cabelos, calça quadriculada “boca sino”, camisa verde claro e, sabendo que para ser “o bom” só me faltava alguma gaita e um casaco marrom, que eventualmente eu tomava emprestado com ele e que eu acreditava “me dar sorte”...

Quanto à gaita, provavelmente ele me deu tudo (e certamente não era muito) o que tinha no bolso. O casaco me cedeu com muita boa vontade, mas o melhor foi: Enquanto me ajudava a acertar as golas (casaco marrom x camisa verde claro), ele, desalinhando um pouco meu topete, abrindo o colarinho e afrouxando a camisa de dentro calça, me segredou:

- Homem, para ficar bem tem que estar “nos estrinques”, mas com leve toque de desleixo.

Creio acabei levando a sério demais sua recomendação, pois passada a fase de “bom menino” – se é que realmente o fui algum dia – o “leve toque de desleixo” foi adotado como “desleixo integral”, e barba por fazer, cabelos desgrenhados, roupas enjambradas, no mais fiel estilo hippie, foram incorporados, por um longo tempo, ao meu visual.

Simplicidade

Um pouquinho na linha dos versos do nosso Mano Tarlei...

Ouvi essa música do Pato Fu e a achei lindinha (Não que os versos do maninho sejam lindinhos... mas simples, puros, naturais e tocantes)

Simplicidade
Pato Fu


Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia

Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso

Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria

Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia


Tentei "colar o link" para a música, mas não consegui. Quem se habilita?