Quando eu morrer, morri. Fui. Fim, the end, cest fini...
E como, por razões obvias, não poderei fazê-lo quando do evento, faço agora um pedido aos meus amores, amigos e familiares: Enterrem-me, ou cremem-me, o que melhor lhes convier, o mais rápido possível. Se eu morrer no Oiapoque, enterrem-me lá; se eu morrer na Patagônia, enterrem-me lá; se eu morrer num navio, atirem-me no mar... Mas por favor, sem demora. Se a morte vier súbita (assim espero!), não gastem mais do que o tempo necessário para se refazerem da surpresa e não mais do que o necessário para se recuperarem do cansaço, se ela vier (Deus me livre!) programada.
Em qualquer circunstância, sem delongas, por favor.
E claro que uma porção altruísta em mim motiva este pedido: Não prolongar o sofrimento daqueles que me amam ou que, pelo menos, me querem bem. De fato, lamentável a situação da parentada: Rodeando o defunto, num clima de, digamos, velório, purgando culpas e dores, perante a consternação de quem sequer viu nos últimos anos.
Mas, a bem da verdade, o meu intento maior é mesmo que me livrem do ridículo.
Coisa horrorosa: Eu ali, encaixotado, esticadão, duro e gelado. Um cheiro de velas incineradas e flores em agonia. Num prolongar desnecessário de gemidos e suspiros. Ah, livrem-me dessa! Estou morto, mortinho da silva, acabem logo com isso!
Economizem gastos com os funerais. Bobagem gastar dinheiro atoa, afinal a terra ou as chamas irão comer tudo mesmo. Façam melhor, juntem o que economizarem e façam uma festa... Isto, em vez de missa de sétimo dia, uma festa! Dá tempo pra todo mundo chegar.
Uma festa... Perfeito, melhor ainda se for na cozinha de D. Lilia.
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