sábado, 27 de julho de 2013

No que me coube....




No que me coube
eu sempre soube
cheguei o reio...
teve filhos da puta no meio
e eu sem arreio,
mas no que me cabe
faço o que cabe

estou aí para disputar.

Chamem a policia pra sangrar.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Coitadinhos

Nos, os coitadinhos,
temos, entre outros, o defeito
de termos pena de nós mesmos
e de querermos dos outros a mesma dó.

Coitadinhos de nós!
Se há algo que merecemos
é a dor que a nós impusemos.

***

sábado, 20 de julho de 2013

Cotidiano dos ausentes


Hoje, assim como ontem,
nao disse bom dia, meu  amor!
Nao ouvi que errei no pó.
Ontem, assim como hoje,
me sinto tão só!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Versos - Tarlei




De vez em quando, tenho que resgatar versos, textos..., perdidos em "comentários" e os trazer para a "primeira página".

Como estes do maninho Tarlei.
Lembranças
que nada valem
embaralho
na imaginação
como retalhos
tempos idos
peito em frangalhos

Capiau
caipira
Natural
natureza
Teu visgo
nele insisto
estar preso
quase que como
uma mosca na teia.
***

Abismo II



Frágil. Sustentando-se há tanto, a vidraça estilhaçou.

Contorcendo-se de dor no estômago vomitou sangue

Sobre a serpente enrrodilhada junto aos seus pés. O bote é iminente.

O ribombar do trovão ecoou também em suas vísceras amorfas,

Inutilizando-as ainda mais. Um soco formidável num feto sem vida

Que o prostou de joelhos, com a cara esboroada entre as mãos.

 

Ora, ora... O vulto que se aproxima não lhe mete mêdo,

Apenas o odor que exala – terra bolorenta e velas apagadas –

Causa-lhe certo asco. E as mariposas fosforecentes que o circundam,

O desconforto de saber-se em pouco roído por malditas larvas.

No mais, alívio... A poucos passos está o alento definitivo

E, finalmente, o desfecho exato para séculos de solidão.

 

Não há mais o que temer. Nenhum risco na serpente aos seus pés.

O abismo o traga, mas a bruma é leve e surpreendentemente doce.

Súbita calma organiza e cataloga, uma gaveta para cada mistério,

Todos os seus dias, fragmentando sua existência até que nada mais reste.

Agora é só cerrar as janelas e lentamente deixar a paisagem desvanecer.

Sorver o ar num último trago e entregar-se, contrito, à imensidão.
 
 
***