domingo, 28 de março de 2010

CAMPOS (Chicuta e muitos outros)

Para comemorar esta data, embora para alguns já conhecido, vou enviar um escrito meu preferido.

Nos caminhos
destas invernadas
a solidão
faz parada
trilhos de gado
atalhos
saudades
em retalhos

Maria preta
vários passarinhos
João garrancho
Corta caminho
pio longo e triste
cascalho branco
rudeza
é campo

Aspereza da terra
contraste
flor mimosa
escarlate
é campo
terra improdutiva
na ramagem
canta a patativa

Barba de bode
inda lembro
queimada
início de setembro
bezerrada caga mole
troca o pelo
cinza é remédio
diz Zé do Nego

Saco de carneiro
pente de macaco
arvorezinhas tortas
mato aos nacos
arbustos rasteiros
gabirobas cheirosas
araçá, murici
frutinhas gostosas

Prá beira dágua
mato mais grosso
tapera rancho
gralhas em alvoroço
moita de cana
mantença abandonada
teu sonho
deu em nada.

Um comentário:

  1. É fato, Maninho: Eu já a conhecia e também a tenho em alta conta, como uma das que mais aprecio.

    Estes versos são uma "fotografia" dos campos (Chicuta, campinho, subida da serra...), encerram simplicidade, "rudeza" e muita beleza.

    Bjo

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