sábado, 28 de maio de 2011

Campesina


Havia um extenso milharal maduro
margeado por uma rala restinga ciliar,
por lá dois meninos, um claro outro escuro,
costumavam, estilingues na mão, intrépidos, caçar.

Rolinhas, juritis, nambus, pombas-trocal...
Com a habilidade que Deus deu aos caipiras,
tão logo seixos redondos voavam das tiras,
uma a uma, avezinhas abatidas iam para o embornal.

Medo de que? Pra cobra venenosa: São Bento-
n’água-benta e livra-nos Jesus Cristinho;
pra lobos e onças: ligeiras pernas-corta-vento,
e mal algum alcança os espertos cabritinhos.

Anunciando a noite, doura o suor o sol poente
Foi-se o dia e os anos, como sempre se vão,
resta aos dois voar para casa contentes
e a este que escreve, purgar o coração.



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