domingo, 18 de dezembro de 2011

Araras


(No domingão)







Tentando espantar a saudade, curtindo o que o Mato Grosso tem de melhor...



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Atlético-MG: Kalil reeleito, Viva!!!

Pois é, para a alegria dos Cruzeirenses, o Kalil foi reeleito presidente do atlético-MG.
Durante seu reinado, CRUZEIRO e tretiquim jogaram 15 (quinze) vezes. Foram 02 (duas), apenas duas ,  vitórias dos zebrados, dois empates e 11 (onze), isso mesmo, ONZE vitorias do CRUZEIRO, sendo cinco com retumbantes e históricas goleadas!

É ou não é para o CRUZEIRENSE vibrar? Kalil para sempre no tretiquim...


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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pegou fogo na zona!



Seu Zé desceu o sarrafo...
Não, não minha fia,
não foi só falação atoa,
na boa,
isso não justifica,
desceu mesmo foi a ripa
no lombo de quem o desdizia.

Aconteceu no bar do Vira Toco,
uma zona escondida, lá na trilha da cotia,
onde ainda outro dia,
acabaram com o Tinoco.

Estava lá Seu Zé e uma rapariga,
depois de apear da mula bidinga
e de umas duas ou três pingas,
gabola como só ele é,
deitou a falação, só abobrinha,
contando caso de mulher.

Dizia ele que tomava um chá
- É o que há!
nó-de-cachorro, estufa-saco e arriba-pau,
e puta nenhuma, em cima de um jirau,
sobrevivia ao talo do jumento arrombador.

Ra, ra, ra... riu, no fundo, uma desavergonhada,
sem calça e sem pudor:
“comigo o senhor brochou!”
O pau quebrou,
Seu Zé sem nehuma pena
desceu pra valer a lenha
e a Zona incendiou.

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Escolhas



Estou aqui, na minha frente um por de sol que só se desenha no Mato Grosso, no Arpoador e em BH. Do quarto para a varanda flui Janis Joplin cantando Summer Time e eu só, tão só como ninguém merece estar. Faz duas semanas que Rose voltou para onde precisa estar e me deixou de quatro. Saudade lastra como a cana no canavial. O Tácio me ligou. O Tácio sempre liga. O Dado também me ligou. Fiquei feliz, muito feliz, mas a saudade só fez aumentar. Na semana passada falei com a Isabela, ela me disse "Vovô Marcos, estou vendo little pony. É muito... é muito... é muito engraçado!". Não vi, mas certamente é muito engraçado. Qualquer hora destas vou ver com ela sentada no meu colo. Neste domingo não liguei para mamãe. Mamãe já morreu. Papai também. Papai também já morreu. Logo neste domingo que é um dia tão especial, é o dia do aniversário de meu pai, não liguei nem para mamãe e nem para papai. Não liguei neste domingo para os meus pais e nem nunca mais vou ligar em domingo nenhum.

Na verdade era necessário ter escolhido melhor. "Vovô você vai ficar na minha casa? Lá dentro da minha casa tem muitos brinquedos...". Vontade de chorar. Marcele chorou. Mamãe se aborrecia se eu não ligava. Papai não, papai não carecia disto para saber o quanto era amado. Alias o amor de papai nunca cobrava reciprocidade. Vontade de um beijo. É claro que existe o desejo, mas neste momento preciso de um beijo de por de sol. Um beijo de amor, um  beijo do meu amor. Eu deveria ter ligado para mais pessoas, já que não posso ligar para mamãe e para papai e ter notícias de todas essas pessoas através deles. Eu devia tentar ser menos só. Camila não fala, mas Camila abraça. Aí Deus, como abraça a Camila. Até parece a Nanda que abraça como se só você existisse no mundo. A Camila não fala, mas é safada e, quando falar, vai dizer "Vovô, você é muito chato!", e me abraçar. A Camila é uma safada.

Enquanto isso o sol desce e escurece... Fazer o que? Ver o sol se por e saber que assim findam todos os dias e que todos os dias são resultados de nossas escolhas.


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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Festa


 
Assim me contaram, assim conto para vocês. Aqui neste cantão do Mato Grosso, não sendo estórias de rios, florestas e alagados, nem tudo é verdade. Para ser sincero nem o tudo o que se diz sobre rios, florestas e alagados é verdade. Sendo mais sincero ainda, a maioria dos casos é pura fantasia. Mas eu estou aqui vendendo o pintado pelo preço que comprei e então, assim me contaram, assim conto para vocês. Numa Fazenda das mais ornadas, lá no município de Nova Fernandópolis, depois de atravessar a Apemag, no sentido Rio Sepotuba, a cada ano Cristóvão Ferazza faz uma festa para comemorar seu aniversário e desta feita, virando os sessenta, os cabelos ralos em dúvida entre cair ou branquear ou branquear e cair, Cristóvão decidiu que aquela seria a melhor de todas elas. Recém-apaixonado por uma guria (a segunda nos últimos cinco anos), sangue goiano e potiguar, que não passava dos trinta, para impressioná-la, estufou os peitos e abriu a carteira. Trouxe duplas sertanejas de Minas e de Goiás. Até de Brasília veio uma dupla trazida por um deputado de lá. Churrasqueiros de primeira para assar carne de gado e um costelão gordo no fogo de chão, logo ali, na beira do lago, sob a sombra da mangueira grande, no forno de barro, assavam um cachara de bom tamanho, na trempe de tijolo um caldeirão fervente fritava ventrechas de pacu, nas travessas abundavam farofa de banana, arroz Maria Izabel e tudo o mais. Do bom e do melhor... E melhor: Tudo de graça e para quem quisesse se achegar.

E a Guria. Eita Guria! Essa sassaricava entre os convidados, alegre como uma sabiá, copo de uisqque na mão, chapéu de vaqueiro, saia curta, botas longas, pernas grossas, bunda rebolante, peitos petulantes, desfilava entre a peonada, com aqueles olhos moles de gata no cio, acendendo o fogo deles e atiçando a inveja nos homens engalanados.

Festa que é festa neste cantão de Mato Grosso tem que ter rasqueado. Se vocês não sabem, falo para vocês. É uma dança que há de ter sido inventada pelo diabo, um bagaço de desavergonhados que sob o ritmo da viola de cocho ficam esfregado as partes, num requebro de vergar espinhas e roxear vovozinhas desavisadas, mais ainda quando molhada com tanta cachaça... E a Guria. Eita Guria! Foi logo se encostando a um moleque espigado, filho de um prefeito das redondezas, conhecido como Peba – de tatu peba. Vai saber por que! – e um tanto porcaria, que tinha chegado montado numa caminhonete enfeitiçada trazendo a tiracolo, como sempre, seus caceteiros de costume: Passarinho, um caboclo mirradinho, bom de proza e liso que nem bagre ensaboado e que com uma lâmina na mão não tinha cabo que enquadrasse. Sembreque, com um apelido deste dá até para imaginar uma carreta sem freio descendo ladeira abaixo. Era o Sembreque. Peão de usina de cana-de-açúcar e com uns braços de arrastar rês atolada. E Bagaço, um cuiabano boçal, meio abestado, mas forte como um animal.

E a Guria. Eita Guria! Lá pelas tantas deu pra comer a língua do Peba – vai ver que e é por isso que ele tem este apelido: meter o focinho onde não deve. Dizem então, assim dizem uns, que a Guria se empolgou e mordeu os beiços do moleque que sangrou. Mas não foi o que aconteceu, dizem outros, sangrou foi de murro, coice de pantaneiro, que lhe partiu as beiçolas e arrancou meia dúzia de dentes.

Sangrou e o pau quebrou.

Dizem que sangue no Mato Grosso ou acaba na queixada de uma onça, ou nos dentes afiados de piranhas. Mas não é. Pode até ser. Acabar acaba... Mas tem muito sangue que começa retinindo na lâmina de faca afiada ou vazando de buraco de bala, antes de chegar nas presas de uma pintada ou nas bocas de serra das piranhas.

Teve gente que viu Sembreque e Bagaço com os buchos rasgados, vazando tripas e merda no terreiro e depois nunca mais. Passarinho, dizem, enfurnou-se numa quebrada do Pantanal e vive de cachaça, peixe e raiz... Vai ver e até já morreu. O Peba, este sim, deste todo mundo sabe. Fugiu assim que lhe deram vaza e, dias depois, foi encontrado, morto, mortinho da silva, amarrado num ipê seco, nas margens do Rio Branco, sem um furo, nenhum furinho sequer no corpo magrelo, porém, coitado, sem os bagos e sem o talo... Deve ter sangrado até se acabar. O Cristóvão? Ah este está bem, livre, leve e solto e novamente recém-apaixonado por uma guria de bunda avantajada que não tem mais do que trinta.

E a Guria. A outra Guria. Eita Guria! Aquela nunca ninguém mais viu.


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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Pausa para Poesia

( Enviada por Gulherme Puccini, via e-mail)


De:
             José Paulo Paes

a torneira seca
(mas pior: a falta
de sede)

a luz apagada
(mas pior: o gosto
do escuro)
 

a porta fechada
(mas pior: a chave
por dentro)


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domingo, 4 de dezembro de 2011