terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pai

No fio da navalha,
chorou... Chorar pra que?
Nada há que valha
o choro de um homem,
que seja homem,
já dizia o pai.
Mas faltou ele,
e então
estão
justificados todos ais.

***

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Pessoa

Se penso mais que um momento
Na vida que eis a passar,
Sou para o meu pensamento
Um cadáver a esperar

Dentro em breve (poucos anos
É quanto vive quem vive),
Eu, anseios e enganos,
Eu, quanto tive ou não tive,

Deixarei de ser visível
Na terra onde dá o Sol.
E, ou desfeito ou insensível
Ou ébrio de outro arrebol,

Terei perdido suponho,
O contato quente e humano
Com a terra, com o sonho,
Com mês a mês, ano a ano

Por mais que o Sol doire a face
Dos dias, o espaço mudo
Lembra-nos que isso é disfarce
E que é a noite que é tudo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Vale a pena ler de novo

Sozinho aqui no MT, em véspera de viajar para encontrar com parte de meus amores, em Volta Redonda - RJ, estava aqui "zapeando" o blog quando me deparei com essa poesia... É umas das mais belas que já li!


Inocência Vetusta


A busca da palavra
é esvaecer-se no branco,
morrer junto ao primeiro encanto
e nascer suave na calada.

Entre as linhas finas que lhe dão a medida
no cerco de margens estreitas,
acuadas por paredes perfeitas,
surgem as formas semânticas,
vagas e românticas,
à procura de uma saída.

Mas a quem cabe salvá-las,
se sequer precisam de auxílio?
São o que são,
e em cada interpretação,
encontram seu exílio.

Vale sim é devassá-las,
submetê-las ao cruel escrutínio,
pois o que passa é vão,
se na surda escuridão,
não se rompe o seu domínio.

Como as palavras são os gestos,
inconscientes da força que os faz.
E como os gestos é a culpa,
que sem rastros deixar
naufraga na inocência vetusta
das conjunções siderais.

E tal é a prevalência
da natureza que antecede a existência,
que o tempo de tão vasto, é pura clemência
com a vida do insensato,
a subtrair-se pelo mais,
a de imediato consumir-se,
na ânsia do que não satisfaz.

Lucas
 
Grande Lucas!
 
***

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mário Quintana


Explicação Parcial


No outro dia escrevi que já tinha passado da idade de ler coisas sérias. Vocês hão de achar engraçadíssimo, mas aos quinze anos devorei literalmente Dostoievski e roí com avidez canina não sei quantas ossadas metafísicas. Éramos assim, os da minha geração. A gente queria apenas decifrar o mistério da alma, o sentido da vida, a finalidade do mundo.

No fim, só me restou a poesia, outro enigma...

É que pensei comigo então, passada aquela enorme azia transcendental, se tão formidáveis problemas não os decifrou Platão, nem Aristóteles, nem outros de igual tamanho... muito menos eu, ou tu, ambicioso leitor.

***


Sinônimos


Confesso que até hoje só conheci dois sinônimos perfeitos: "nunca" e "sempre".

***

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ponte



Era uma ponte velha,
muito velha,
mas uma ponte
e além estava a fonte.
Não havia Pegasus,
mas alado coração.
Coragem menino
que o destino
não espera
não tolera
inação.



sábado, 11 de fevereiro de 2012

Voa!

Assim voa
voam
coisas boas
coisas más
voam
voa
atoa
o pensamento
o lamento
o riso
o juizo
a dor
o amor
voa
voam
porque hão de voar
os anos
os enganos
os desanganos
os fatos
os atos
voam
voa
o tempo
ao vento
o coração
a recordação
a paisagem
num trem
amém
e também
eu e você
voam
voa
atoa
voa
porque
voa
tudo voa...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Que roupa você usa?

Agora,
que roupa você usa?
Saudades de você,
vontade de saber,
que roupa você usa.
De que jeito você está?
Coelhinha,
passarinha,
ou gambá?
Vontade de saber
qual o tamanho de seu amor,
qual o seu humor?
Se arrulhos de trocal,
se bico de tucano,
- entrei pelo cano -
não faz mal.
Saudades de você,
vontade de saber,
que roupa você usa,
agora,
se limpa, ou suja,
se fashion ou fu,
vontade de dizer
eu estou nu.

Mato Grosso em quadrinhos.



Quando eu vim para o Mato Grosso, em outubro de 2004, eu comecei assim:





Nem tinha equipamentos de pesca e me contentava a ficar num tabladinho, me divertindo com bagres e piranhas.















Vejam só o tamanho do peixe!
















E acordar com um bichinho destes, pendurado na janela da Pousada era assustador.






Mas assistir o por de sol, num barco dentro do Rio Paraguai, era absolutamente encantador, estimulando a buscar entender este estado Mato Grosso .




Aos poucos a tralha de pesca foi evoluindo para equipamentos mais sofisticados e a pescaria tornando-se mais desafiadora.






E para quem pescava uns "bagrinhos", os peixes cresceram bastante.




Destes que levam a vara a beber água.













E vejam como os bagres também cresceram!















Exigindo grande esforço dos parceiros de pesca.











Mas, enfim, um bom resultado!














E é só!






quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Triplo Filtro


Sócrates, filósofo grego, de Atenas, que viveu entre os anos 469 a.C. e 399 a.C., tornou-se famoso por sua sabedoria e pelo grande respeito que demonstrava por todos.

 Pregava ele que, antes que se divulgasse algo a respeito de alguma pessoa, o a ser dito deveria passar pelos “Três Filtros”.

São eles:

O filtro da verdade: Estás absolutamente seguro de que o que dirás é a verdade? Se não estiver seguro de tal, se houver uma mínima possibilidade de que não seja verdadeira a informação que tencionas repassar, reserve-a para ti.

É este o primeiro filtro.

O filtro da bondade: O que vais dizer a respeito de fulano é uma coisa boa? É algo que engrandece aquela pessoa perante seu ouvinte? Se não, reserve para ti a informação que dispõe.

Este é o segundo filtro.

O filtro da utilidade: O que vais dizer a respeito de cicrano é útil para quem ouve, ou para de quem é dito? Enriquece em sabedoria quem ouve ou possibilita ajuda a aquele de quem é dito? Se não, reserve para ti a informação que dispõe.

Este é o terceiro filtro.

Tão simples, não? Creio que o mundo poderia ser bem melhor se todos fizessem uso do Triplo Filtro.



***

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

João Paulo II

"Não aceites como verdade nada que seja isento de amor.E não aceites como amor nada que seja isento de verdades"

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Metades

Se meus passos são lentos,
não se incomode,
anda assim quem pode,
quem não tem saudades,
tão pouco verdades
para vender.

Mas saiba que não deixei,
pelos caminhos que andei,
metades.
meias verdades,
meias mentiras,
meia vida,
meio coração...
Sem bridão,
segui

e só.



***

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Melancolia







Neste fim de dia,
numa tarde triste, triste,
profunda e melancólica,
a alma se duvida existente,
não se conforma,
mas contorna
com uma gota
de cicuta
que a derruba,
tristinha, tristinha,
como uma passarinha,
encolhidinha,
no fundo da gaiola.






quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Eita, mineirada!



 
Tá lá o velho morrendo. De repente, ele chama o filho e diz: - Meu filho, tou sentindo um cheiro de pão de queijo. Mas é pão de queijo mesmo pai. (Essa se passa em Minas Gerais, é bom explicar.) - É sua mãe que tá fazendo, filho? - É, pai. - Ah, meu filho, ninguém faz um pão de queijo melhor no mundo. Que cheirinho bom, meu Deus. Que saudade me dá, meu Deus. Vai lá na cozinha, meu filho, vai. Vai lá e traz uns pãodequeijim pra mim. - Vou, meu pai. Uns minutos depois, e o rapazinho volta sem pão de queijo. - Cadê, meu filho? - Mamãe não quis dar. - Por quê? - Diz ela que são pro velório.

Um mineiro encontrou o outro na rodoviária e perguntou:- Onde é que ocê vai, cumpadre? - Eu vou pra Manhuaçu - respondeu o outro. - Boa viagem - disse o primeiro mineiro, e foi saindo. E foi saindo e dizendo pra si mesmo:- O cumpadre pensa que me engana. Ele tá dizendo que vai pra Manhuaçu pra eu pensar que ela vai pra Manhumirim. Mas ele vai é pra Manhuaçu mesmo.

Mineirinho entra numa loja de ferragens e pede uma tomada. E o vendedor pergunta:- O senhor quer tomada macho ou tomada fêmea? E o Mineiro:- Ô, moço, acho que tanto faz. Nós qué uma tomada é pra acender a luz e não pra fazer criação.

Mineirinho chegou no Rio e tinha que ir ao médico. Aí, quando disseram o preço da consulta, ele quase caiu da cadeira.- Como é que eu vou fazer? E o outro, que já morava no Rio há mais tempo falou para ele que conhecia um médico que cobrava a metade dos outros. E com uma vantagem: na segunda vez que o cliente voltava lá, ele aí cobrava a metade da metade. Mineirinho não teve dúvida. Foi a este médico. E foi chegando e foi dizendo: Bom dia, doutor. Sou eu, de novo!

Lá ia o capiau na mesa do restaurante do trem, comendo sua comidinha bem devagar, quando sentaram-se à mesa uma senhora com os seus dois filhos. Pediram a comida e enquanto aguardavam, o capiauzinho calmo acabou de comer. Acabou, pegou um palito, esticou as pernas e soltou aquele arroto enorme. A mulher ficou escandalizada e perguntou pro capiau: - O senhor tem o hábito de fazer isso na frente dos seus filhos? E disse o capiau: - Oia, dona... lá em casa a gente num tem regra fixa, não. Às vez, arrota eles na frente, às vez, arrota eu!




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Nelson Rodrigues



“Só há duas coisas infinitas: o Universo e a estupidez humana, e mesmo assim tenho minhas dúvidas sobre o Universo.”.


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Nova Foto

Como prometido, estou tentando tornar o "Os Ferreira" mais dinâmico e abri Feverreiro/2012 com uma nova "foto cabeçalho".

Pela primeira vez não é uma foto da saudosa Fazenda dos Coelhos - nosssa referência de vida - em Paulo Freitas, Minas Gerais. Mas uma foto de um amanhecer em Rondonia, obtida por mim de dentro de um barco de pesca, no Rio Guaporé, em julho de 2011...

Ah, antes que me perguntem, a pescaria foi ótima!

***