Na manhã de minhas (in)gratidões,
costumo alimentar-me de vespas e de pães;
em vastos cestos que são passados ostensivamente,
onde sou sempre eu mesmo que me sirvo.
Mas se me sirvo reclamando e nisso implico em dano
(e mais dano e mais dano e mais dano),
sempre acusando o mundo que me cerca de profano,
qual belíssimo atributo me tocará?
Chuá-chuá-chuá: são rios que no mar vão dá.
Ora, só é realmente nobre o moribundo – ele sim! –
não há nobreza entre os saudáveis e resmungões;
não há nobreza entre os ansiosos e insaciáveis;
não há nobreza entre os que - sendo passado -
desperdiçam o presente projetado num futuro que nunca virá.
Chuá-chuá-chuá: são rios que no mar vão dá.
Como os abraços de avós que não há mais,
logo não haverá abraços de pais;
e logo não se poderá abraçar o filho,
porque inequívoco é o signo da eternidade que se nos impõe:
eterno antes refeito no eterno depois,
e um breve interstício miraculoso da consciência atribulada,
que fatalmente de se atribular deixará.
Chuá-chuá-chuá: são rios que no mar vão dá.
*inspirada em "Em paz com a vida" de nosso saudoso vovô Milton.
Querido sobrinho;adorei.São profundos e de grande sabedoria.
ResponderExcluirBeijos.
Titarlei
Thiago, uma vez mais tenho que dizer: Gosto muito de sua poesia!
ResponderExcluirVocê tem o " Em paz com a vida"? Se sim, a publique no blog...