Frágil.
Sustentando-se há tanto, a vidraça estilhaçou.
Contorcendo-se
de dor no estômago vomitou sangue
Sobre
a serpente enrrodilhada junto aos seus pés. O bote é iminente.
O
ribombar do trovão ecoou também em suas vísceras amorfas,
Inutilizando-as
ainda mais. Um soco formidável num feto sem vida
Que o
prostou de joelhos, com a cara esboroada entre as mãos.
Ora,
ora... O vulto que se aproxima não lhe mete mêdo,
Apenas
o odor que exala – terra bolorenta e velas apagadas –
Causa-lhe
certo asco. E as mariposas fosforecentes que o circundam,
O desconforto
de saber-se em pouco roído por malditas larvas.
No
mais, alívio... A poucos passos está o alento definitivo
E,
finalmente, o desfecho exato para séculos de solidão.
Não
há mais o que temer. Nenhum risco na serpente aos seus pés.
O
abismo o traga, mas a bruma é leve e surpreendentemente doce.
Súbita
calma organiza e cataloga, uma gaveta para cada mistério,
Todos
os seus dias, fragmentando sua existência até que nada mais reste.
Agora
é só cerrar as janelas e lentamente deixar a paisagem desvanecer.
Sorver
o ar num último trago e entregar-se, contrito, à imensidão.
***