Minha alma é gazela acossada.
Antes a fúria de um leão faminto,
à covardia de hienas de traiçoeiro instinto.
Minha alma é caiaque a deriva na corredeira.
Antes a força ignara de catarata abissal,
à paz lodosa de estagnado pantanal.
Minha alma é barco sem leme.
Antes a força de tempestade em mar aberto,
à agonia escaldante de cactus no deserto.
Minha alma é peão denodado.
Antes um corcel bravio trincando os freios,
à resignação de pangaré sob arreios.
Minha alma, enterna insatisfeita,
não tem a carcaça que merece.
Enquanto como fera se dilacera,
o corpo que a contém adoece.
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