PREZADOS,
Aí vai a complementação da mensagem anterior: sobre esse caso.
Abração.
Que Deus os abençoe sempre.
Tio Tarley
Este foi o e-mail que recebi do Tio Tarley, o qual trazia um anexo acrescentando detalhes ao famoso “Caso Paulino”, ocorrido em Carrancas-MG, que foi publicado recentemente neste Blog.
Enxerido que sou, não resisti e decidi “florear” um pouquinho as informações recebidas.
(No final está o texto original enviado por nosso querido Tio Tarley).
O que segue ouvi de contar e, se assim contam, aqui também conto:
Numa fazenda do município de Carrancas, em Minas Gerais, num fim de tarde, de uma sexta-feira de junho, em tempos idos, muito idos, estava o Virgulino Ferreira (que não era o Lampião), tendo já feito as medições e as ordens de pagamento dos camaradas, no alpendre, cofiando pensativo a barba espessa enquanto pitava um caprichado paeiro, quando se achegou um tipo de bom porte, aparentando ser estrangeiro – argentino, soube-se depois.
- `Tarde!
- `Tarde... Me disseram que o Senhor tá com precisão de um peão (Mineirês com sotaque argentino ou vice-versa).
- Precisão, precisão... Num tenho. Mas tem um novilho desgarrado lá na Serra do Curralinho e se ocê me traiz ele de volta o emprego é seu – Desafiou Virgulino Ferreira.
Embrenhou-se então o argentino, Paulino era o seu nome, nos cerrados da Serra do Curralinho e notícia mais não se teve dele, até que, uma semana depois, aparece o guapo, um tanto estropiado, mas tendo na ponta do laço um novilho cabisbaixo, olhar vexado, trazendo no pescoço a marca “VF” da fazenda de Virgulino Ferreira.
Admirou-se Virgulino Ferreira com o feito e, sendo homem de palavra, deu o emprego ao peão Paulino que por ali se arranchou.
Acontece que Virgulino Ferreira tinha entre as filhas uma que era uma lindeza de menina e manhosinha que ela só: Enquanto Paulino cuidava dos serviços, ela, com ares de recato e extrema discrição, flertava com o peão mais pelo prazer de excitá-lo do que por aspiração própria ou desejo.
Paulino, porém, se apaixonou pela patroinha.
Em dezembro, como ocorre em todo dezembro, a cidade e seu povo animaram-se para a festa de sua padroeira Nossa Senhora da Conceição. Como de costume, o apogeu da festa era o baile oferecido pelos Ferreira do Retiro de Baixo, na Casa Grande.
Para o sarau acorreu toda cidade, de peão a patrão.
Lá estava Lindaurinha, a filha de Virgulino Ferreira, mais bonita do que nunca, assediada e cortejada por todos os mancebos não compromissados das melhores famílias de Carrancas. Nem tempo tinha para descansar em alguma cadeira, tal a afluência de elegantes jovens que a convidavam para dançar.
Pacientemente, Paulino, aguardou sua vez.
Num momento de descuido dos patrõezinhos, se aproximou da bela patroinha e, com muita reverência e respeito lhe solicitou conceder-lhe a próxima dança.
Sorrindo, Lindaurinha fez menção que aceitaria, inclinando-se levemente a se levantar... Porém, em seguida, ainda sorrindo, meneou a cabeça em negação e se afastou dali.
Sob um coro de gargalhadas, Paulino se foi.
No dia seguinte ao do baile, também como de praxe, houve um concorrido leilão cuja renda se reverteria para as obras da Capela da Padroeira da cidade. Muitas prendas eram leiloadas, mas nenhuma mais concorrida do que a “tábua do Paulino” (aqui cabe uma explicação para os jovens Ferreira de hoje: Quando uma dama recusava o convite de um cavalheiro para conceder-lhe uma dança, dizia-se que ela lhe dera e que ele levara “tábua”) e todos se divertiram muito com isso.
Paulino soube do ocorrido.
À noite, novo baile... Quando entrou, Paulino viu Lindaurinha, linda como sempre, rodeada por pretendentes. Enquanto ele dela se aproximava as pessoas se afastavam, deixando o caminho livre até ela, rindo, antevendo a cena da rejeição e do vexame.
Sem dizer uma palavra, Paulino, cravou um punhal no coração de Lindaurinha e a matou.
Ante a perplexa inércia de todos se retirava, até que caíram sobre ele.
O resto da história vocês conhecem.
A seguir o texto recebido de Tio Tarley:
PAULINO
Conforme as informações que tenho (e o Ronaldo confirma), Paulino era uma pião argentino que chegou em Carrancas. Procurou serviço em uma das fazendas (acho que era de um parente nosso).
O fazendeiro falou que só daria serviço se ele conseguisse pegar um touro que estava fugido na serra.
Passado um dia, o Paulino chega na fazenda trazendo o touro pelo cabresto. Foi empregado, então.
Aí o peão vivendo nessa fazenda se apaixonou pela filha do fazendeiro.
Como de costume aconteceu a festa de Carrancas. Teve um baile na “Casa Grande” (que até hoje existe e muito conservada – é linda). Ela (a casa) é da família do Retiro de Baixo – Rozendo.
O Paulino nesse baile chamou a filha do fazendeiro p/ dançar. Ela negou (deu “tábua”).
No dia seguinte houve um leilão. Alguns engraçadinhos colocaram, como prenda a “tábua” que o pião teve no baile.
O Paulino foi notificado do ocorrido. Aí, aconteceu a segunda noite da festa: o mesmo baile, na mesma casa.
Aparece o Paulino e sem perguntar nada enfia um punhal na menina que ele amava e a mata.
Pelos escritos dizem que o “cara” era forte e só parou qdo. Nosso avô-bisavô (Vovô Américo), com sua força mental e física, o prendeu.
Assim se complementa a historia desse caso que até dá uma novela.
Cadê a Globo que já filmou tantas novelas nas cachoeiras de Carrancas?
Mamãe já havia me contado este caso algumas vezes.Gostei muito de recuperarmos algumas passagens da história dos ferreiras.Por favor quem lembrar de outras publicar.Aí vai algumas sujestões causos de caçadas do tio Waldemar,de tombos de cavalos e estripolias,inclusive "a tomada emprestada" do sino da estação,dentre outras .
ResponderExcluirbeijos
A "apropriação não autorizada" do sino da estação teve minha participação direta... Uma hora eu posto o causo por aqui.
ResponderExcluirMas tem muito mais es(his)torias para contar: Papai Américo (e seus poderes mentais), vovô Humberto e as partilhas, nós - meninos de Paulo Freitas - e aventuras para mais de um livro...
Tenho provocado o Humberto... Ele é bom de causos!