Se tivessem pedido a minha opinião, eu lhes teria dito: “Não vale a pena!”. Mas não ma pediram, portanto, não opinei e, sem minha opinião, eles se foram e eu fiquei. O que é, afinal, “valer a pena”? Para alguns é embrenhar-se mata adentro sem mapa e sem guia, se expondo a floresta em si e a si. Para outros é a mesmice do cultivo da horta nos fundo de seu quintal, que não produz frutos – e nem emoções – suficientes sequer para o seu sustento e o de sua prole. Valeria a pena, para uma mula-sem-cabeça ter de volta sua cabeça? De certo que não... Com uma cabeça seria apenas uma mula-de-carga e não uma mula-sem-cabeça... Mas de que vale ser uma mula-sem-cabeça? E o saci-pererê sem uma de suas pernas? E o Curupira com seus pés virados para traz? Todos aleijados... Valer-lhes-ia a pena ter seus aleijões corrigidos? Quem seriam eles sem tais deformidades? Folclore é que não seriam... Vale a pena? E o que dizer do sapo que se regala com sua poça por desconhecer o mar?
Se eles voltassem, talvez eu lhes perguntasse: "Valeu a pena?". Talvez, apenas talvez... Mas eles não voltaram, ou porque não quiseram ou porque não puderam, e eu fiquei sem saber se faria a pergunta caso voltassem e se, caso a fizesse, eles não me faltariam com a verdade. Quem diz, sinceramente, não ter valido a pena o esforço, após a uma empreitada dispendiosa e mal sucedida? Mas eles se foram e eu fiquei, valendo ou não pena, em cada uma das circunstâncias, seguramente pior é a perplexidade entre o ir e o ficar. Aquele limiar em que nada é produzido e nada vale. Valendo ou não a pena, fique ou vá... Foi o que eles fizeram, foi o que eu fiz.
Enfim, todos vocês sabem: “... cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pãos ou pães, é questão de opiniães...”.
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