quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Deitou na relva e desenhou o espaço,
em um cosmo negro, abissal e todo pincelado de luzes.
De dentro de seus dedos delicados saiu o arco-íris,
que era o nome do espectro da luz,
e composto em número igual ao da escala musical.

Seria melodia dos pássaros primevos?
Há algo melhor do que gostar e ser gostado?
As nuvens, poderosas nuvens, também podem sentir isso?

Mas nuvens não sentem, não falam.
Nem comigo,
nem contigo,
nem consigo.
Não falam e pronto!

Mas, ah, como são cheias de vida e de sabedoria!
Como são ricas essas nuvens.
Ambíguas feito a realidade.
Antigas feito o planeta.
Prismas multicolores da humanidade.

Por que se digo,
e ainda assim não acredito,
aconteceu?
Por que se sinto o tempo único que sempre prevalece,
onde realmente me encontro?

Desisto.
Nada é mais manifesto que o leão sob o sol da savana africana,
que esteve em ti,
e que conosco arde:

“Boceje, mas cace, meu filho.
Se espreguice à sombra,
mas emane toda ardência que de tua alma transborda!”

Radiante que se liberta.

Constante dessa terra dos milénios sempiternos.

Das rezas e dos mitos e dos muitos fados que precedem a criação das nebulosas divinais e de toda matéria desse nosso universo imponderável.

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