terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sede

Nem sede sentia,
mas um copo d’água cairia bem.
Ah sim, cairia!

Assim ela veio,
olhei-a meio de esgueio,
figurinha estranha,
translúcida e feia,
lagartinha branca,
arrastando-se lânguida n’areia,
contudo, enterneceu-me,
constrangeu-me,
endoideceu-me...

Nem sede sentia
– talvez minguada agonia –
mas a alma zonza, zonza...
fez-se em esponja
a espera da chuva,
do vinho de macerada vulva,
entorpecida que estava por tantos adeus.

Assim ela veio,
Figurinha estranha,
frágil e soberana,
sorveu-me...





2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. q coisa, hein, ticolelo!? pois lembra-se dessa? que uma vez lhes mandei por email, se não me engano? diria que aparentadas, talvez da escola ferreirista. hehehe...

    Alice num país remoto

    Olho pro chão encardido,
    pro tapete marrom-ocre.
    Vejo uma lombriga agonizante e esquálida,
    mas a lombriga não é minha…

    Alguém aí perdeu uma lombriga?

    A lombriga está louca,
    se contorce,
    está perceptivelmente apaixonada.

    Talvez por um fio,
    talvez por um cabo,
    talvez, presunçosa, por ela mesma…

    Alguém aí perdeu uma lombriga?

    E a lombriga me preocupa.
    Seu desajuste me enerva,
    sua sinuosidade me seduz…

    Alguém aí perdeu uma lombriga?

    Aproximo minha boca de seus inescrutáveis orifícios.
    Pergunto se está bem,
    se está perdida,
    se aceita um café…

    Aproximo um pouco mais.
    Murmuro atencioso se precisa de algum ponto de referência,
    de alguma coordenada xy,
    de algum ponto mais próximo do cartesiano…

    Aproximo ainda além.
    E a lombriga me beija (é doce).
    E a lombriga me engole (é doce).

    Alguém aí perdeu uma lombriga?

    ResponderExcluir