sábado, 21 de julho de 2012

Juriti II

Este foi o comentario da maninha COCADA (vulgo Miriam), caroneando nos belos versos do Tarlei (Juriti). Não poderiam ficar escondidos em "comentários", por isso, os trouxe para a "primeira página":


Os olhos que vi foram outros, juruti!

"Ansiosa, Maria caminhou mato adentro. Os pés descalços seguiam rastros ali deixados.As mãos de quando em vez, arrancavam um capim que era colocado na boca.Azedinho bom.

- Esqueci de falar São Bento. Tem perigo de cobra?São Bento, São Bento...rezou.

- Se falar mais de três vezes o santo se irrita. Aí não vale –brincou Bené –Apresse Mariinha.

A menina caminhava de cabeça baixa cuidando para não pisar em cobra, Deus me livre. De repente, sentiu uma batida oca na testa.Um cochicho de onde o eu se fazia doutor avisou: sem alma é oco. Uma coisa fria, dura lhe alcançou o pensamento.Olhou para cima e viu abatida uma passarona enforcada.Olhou e viu olhos medonhamente esbugalhados. Olhou e viu a triste figura da juriti pendurada, balançando funebremente.Viu em dor a vítima da perversidade do menino capeta.Seus olhos estupefatos, abestados constataram: tarde demais; suas mãos ensaiaram um movimento inútil, seus joelhos teimaram em dobrar, mas as articulações enrijeceram.Maria fechou os olhos e abriu a boca, sorveu a ventania, as sombras e regurgitou um grito insano,sem fim, desesperado. Desnorteada virou-se, empurrou o irmão que se agachava de tanto rir, derrubou o primo que se fez escarlate com o gemido gritante.Sem interromper o berro, Maria voltou em disparada, deslizou as pedras, como água rolou, derriçando arbustos.Subiu a escadaria macabra sem recuperar o fôlego, atravessou o pomar ouvindo a sombra da mangueira ecoar seu grito e em cera alcançou a casa grande.

A pobre juriti não mais olharia inquieta pra ninguém..."

Então, "São Bento na água benta, Jesus Cristo no altar. Sai da frente bicho ruim, da caminho para eu passar.", esta era a oração "espanta cobra". Juro para vocês, era a declamar e "meter os peitos no mato" sem medo nenhum. Deu certo. Ninguém morreu picado por cobra. E saibam, sobravam cascaveis em Paulo Freitas!

É isto aí, Cocada. Como teclamos, histórias como estas, nos construiram. Por isso nos amamos, nos respeitamos e nos merecemos.


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