
Juro pra ti
juriti
olhos iguais
aos teus
nunca vi
Dos teus olhos
tenho medo.
Olhar para eles
tira o sossego.
Serenos- incertos
novo enredo
que nunca entendi
juriti
Quero pensar
em ti
quero te ver
tímida
voando baixo
juriti
Eu menino
na galhada
arapuca armada
quando a capturava
teus olhos
me hipnotizavam
Juriti
forrageando
folhas secas
beirando córrego
debaixo do bambuzal
arrulhando
Sinal
algum sinal
juriti
me mostre
como ser feliz
igual a menino.
Os olhos que vi foram outros, juruti!
ResponderExcluir"Ansiosa, Maria caminhou mato adentro. Os pés descalços seguiam rastros ali deixados.As mãos de quando em vez, arrancavam um capim que era colocado na boca.Azedinho bom.
- Esqueci de falar São Bento. Tem perigo de cobra?São Bento, São Bento...rezou.
- Se falar mais de três vezes o santo se irrita. Aí não vale –brincou Bené –Apresse Mariinha.
A menina caminhava de cabeça baixa cuidando para não pisar em cobra, Deus me livre. De repente, sentiu uma batida oca na testa.Um cochicho de onde o eu se fazia doutor avisou: sem alma é oco. Uma coisa fria, dura lhe alcançou o pensamento.Olhou para cima e viu abatida uma passarona enforcada.Olhou e viu olhos medonhamente esbugalhados. Olhou e viu a triste figura da juriti pendurada, balançando funebremente.Viu em dor a vítima da perversidade do menino capeta.Seus olhos estupefatos, abestados constataram: tarde demais; suas mãos ensaiaram um movimento inútil, seus joelhos teimaram em dobrar, mas as articulações enrijeceram.Maria fechou os olhos e abriu a boca, sorveu a ventania, as sombras e regurgitou um grito insano,sem fim, desesperado. Desnorteada virou-se, empurrou o irmão que se agachava de tanto rir, derrubou o primo que se fez escarlate com o gemido gritante.Sem interromper o berro, Maria voltou em disparada, deslizou as pedras, como água rolou, derriçando arbustos.Subiu a escadaria macabra sem recuperar o fôlego, atravessou o pomar ouvindo a sombra da mangueira ecoar seu grito e em cera alcançou a casa grande.
A pobre juriti não mais olharia inquieta pra ninguém..."