quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Buteco

Inquant'eu bebia d'uma cachaça,
oia procê vê, qui engraçado num foi,
muié casada n'imin achou graça
e garrou maginá fazer dum homi, um boi.

Nem bunita era a guria danada,
mais desavergonhada n'imim se esfregou,
cumu minhoca brava disenterrada,
fizesse eu nada, diziam os outros: Frouxou!

E eu qui de frouxo não aceito a pecha,
sem respeito, acheguei di'cum força a ripa,
e nu qui achei na madeira uma brecha,
arrastei a prenda pra di traiz duma pipa.

Homis alguns há qui inté qui aceita uma gaia,
si a vida si ajusta nas iscundidas
i'si suas isporas, as tiricas num atrapaia,
mais si catuca a honra cumprica, ah cumprica...

Prenda desavergonhada qui era por demais,
ajustou di contar vantagi pra tudos ouvir
e sobrou pra mim aqui, qui nem num lembrava mais
das quantidades das pingas batizadas qui bebi.

Caboquinho, marido dela, mirradim, miudim,
mais cum sangue nus oios e faca na mão,
desatou: "Rasgo seu bucho, corto seus baguins,
como seu figo, seu rin e seu coração!".

No'sinhora dus homis machus e forgados,
viu qui n'mim o sangue num si encoieu,
nu que botou fogo nus meus óios azulados,
veneno botou nessas palavras dus beiçus meus:

"Prestenção homi! Digo agora, ôio nu ôio,
pra nun'dizer nu mei di tudo mundo dispois,
milhor, muinto milhor, cumer um filé a dois,
du qui ruer sozin, sozin, ocê sozin, dois osso!".

Aí tudo si arresorveu...


***

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