sábado, 10 de novembro de 2012
Eneas Maçarico
Eneas Maçarico foi, como quase todos que se meteram no Mato Grosso adentro, naquelas datas, uma besta. De letras conhecia quase nada, menos ainda de tabuada, mas era ladino como uma cabrita no cio e forte, forte demais na trapaça. Na espreita, sempre na espreita, se fez.
Bem apessoado, comeu a filha do vendeiro e do encarregado, a mulher do gato e a empregada do deputado, até o dia que resolveu buscar a família e assentar praça. Trouxe mulher, filho e filha, uns caiporas magrelos e loirinhos vindos lá do Paraná.
Armaram um rancho na beira do Rio, em terras boas onde o suor que caía regava e, no que regava, tudo brotava. E plantaram soja, milho e girassol. Foi feito o que havia a ser feito. Eneas era trabalhador. Bronco, mas trabalhador. Mas Eneas, preste atenção, Eneas, não se contentava com pouco. Uma mulher só, uma filha só, um filho só e um boizinho só... Não o Eneas.
Sovaco fedendo, Eneas apeou do cavalo e expulsou ribeirinhos e ribeirões até que um dia uma bala lhe disse não.
Deu azar.
Hoje Maçaraquinho está montado e renega o pai.
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