segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dicionário Mineirês

Há vários dias que não posto nada no Blog... Sinceramente? Faltou inspiração, ou melhor, estava sem saco para essas coisas tão minizadas diante da imensidão das atribulações que nos afligiram nas últimas semanas.

Mas resolvi retomar... Talvez, com a ausência de nossos ícones, seja este um dos caminhos para a manuntenção de nossa unidade.

E agora, tentando aliviar as tensões, segue um "Post bem light":


Dicionário Mineirês
(Domínio popular)


Antisdonte ou Ãnstionti: o mesmo que “antes de ontem”
Arreda: Verbo na forma imperativa (dânnu órdi), paricido cum “sair”: Arreda prá lá, sô!
Belzont: Capitar das Minas Gerais.
Beraba e Berlândia: Cidades famosas do Triângulo Mineiro. Diz qui tem uma ôtra lá pra’quelas bandas, qui tumem cumeça cum “B” e acaba com “raguari”.
Cadiquê ou Causdiquê - mineirin tentânu intendê o pruquê d’arguma coisa... 'Por causa de quê?'.
Cadiquin: Bem pôquin... Põe só um cadiquin dessa pinga pr'eu...
Confórfô eu vô: Conforme for, eu vou.
Corguin: diminutivo de Corgo = Córrego.
Dendapia: dentro da pia.
Deu: o messs qui di mim. Ex : " - Larga deu, sô !"
Deusdi: o messs qui “desde”. Ex: " - Eu sou magrilim deusdi rapazín !"
Deusdiqui: Desde que: Eu sou magrin deusdiqui eu era muleque!
: o messs qui "pena", "compaixão"
Dôdestombago ou dôdestongo: Dor de estômago.
Embadapia: Debaixo da pia.
Émezzz: Minerin dimirado do que contaro pr’ele. Podi tá querêno tamém cunfirmá arguma coisa. Espia ou oia: Nome da popular revista VEJA quando chega na distante e pequena cidade do minerin.
I: E: Minino, ispecial, eu i ela, vistido.
In: Forma diminutiva: Piquininin, lugarzin, bolin, vistidin, sapatin etc....
Inborná ou Borná: Bornal, inquantu seu inborná vem cu mio e’tô vortanu cum fubá
Intorná: Quando não cabe na vasilha. 2. Derramar.
Jizdifora: Cidade minera pertín do RidiJanero.
Kidicarne: medida empregada na comercialização de carne - quilo de carne - quinze kidicarne = uma arroba
Kinem: Advérbio de comparação - igual: Ela saiu bunita kinem a mãe.
Lidileite: Litro de leite.
Magrilin ou magrin: Indivíduo muito magro, mirradin... mirradin.
Mastumate: Massa de tomate
Minerin ou Mineirin: Naturar duistádimínass.
Mirradin: Magrin... Magrin.
Munho: Moinho: Vô lá nu munho do Sô Mirto mode trocá uma quarta de fubá.
Negocin: Qualquer coisa que o minerin acha pequeno.
Némêss: Minerin quereno qui ocê concordi c'ás idéia dêle...
Nimim: o messs qui "em mim". Exempro: "- Nóoo, cê vive garrádu nimim, trem !...Larga deu, sô !!...
NNN: Gerúndio do minerês: Brincannno, corrennno, innno, vinnno.
Nóoo: num tem nada a ver cum laço pertado, não ! É o mess qui "nossa!!" ...Vem di: Nóoossinhora !...
Némermo: Minerin procurando concordância com suas idéias.
Num ... Não: Advérbios de negação usados na mesma frase: Num vô não. Num quero não. Num gosto não.
Óiaí: Olha aí, ó, toma...
Óiaqui: Minerin tentando chamar a atenção para alguma coisa.
Oncotô: Expressão de dúvida. Empregada constantemente quando o mineirim vai pra capitar, ou intão pra SumPaulo. (Onde que eu estou?)
Onquié: É quan nois num sabe pronde é qui nóis vai. (Onde fica?)
Óprocevê: (!) .Mineirin dimirado cum arguma coisa! (olha pra você ver!)
Ostrudia: É quan um mineirim num qué fazê arguma coisa hoje (outro dia). “Ostrodia nóis vai, cumpadre!”
Pão di queijo: Ísscêis sabe ! Cumida fundamentar na mezz minêra e que disputa c'o tutú a nosss preferênça
Pelejânu: O mess qui tentânu: “- Tô pelejânu qü' esse diacho né di hoje!”
Pincumel: pinga com mel “Si ocês tá cumeçano a constipá, toma logo uma pincumel que é prá mode sarar”
Pópôpó: A mineirinha pedidndo ajuda ao marido pra fazer café.
Pópôpoquin: Resposta afirmativa do marido.
Prestenção: é quan’um mineirin tá falano mais cê num tá ouvino.
Proncovô: É quan nóis inda num discubriu pronde é qui nóis vai e tá quainahora. (para onde que eu vou?).
Quaisnahora: Expressão que indica que o mineirm está ficando atrasado:
Quiném: advérbio de comparação. Ex: "É bunita qui dói. Quiném a mãe !"
Sapassado: Sábado Passado.
Secetembro: Dia em que se comemora a independência do Brasil.
: fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamém ? :Cuidadaí, sô !!...
Tirisdaí: É quan um trem tá travessado bem in frente di nóis: Ex Tirisdaí minino! Tá travancando o caminho. (tira isso dai)
Trem: Palavra que não tem nada a ver com transporte, e que quer dizer qualquer coisa que o minerin quiser: Já lavô us trem? Eu comi uns trem. Vamo lá tomar uns trem? Qui trem é esse aí, sô?
Trosso: É quiném trem
Tutu: Mistura de farínn di mandioca cum feijão massadím e uns temperin lá da horta. Bão dimais da conta, sô! Acumpanha um torresmin e pincumel.
Tii: O irmão do pai ou da mãe.
Uai: "Uai é uai,...uai !"
Varge: Aquele legume verde rico em fibras. Serve tamém pra dizê daquelis lugar nos pé de morro ondi fica chei d’água no chão e que o pessoar usa pra prantá arroz: (Várzea)
Vidiperfum: É donde se guarda aquelas água de chero. (vidro de perfume)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Causos?

16 de março 1967 (quinta feira)
Hoje foi um dia que começou até engraçado; logo de manhã, muito cedo, chegou o Joaquim Galdino, Jovino, Antônio Guido e Divina-"bolôlo".Antônio não queria casar mais por causa de um "disse que me disse" e vieram para eu resolver o caso; banquei o importante, empertiguei e tomei ares de Juiz e estiquei uma ladainha pra riba deles, no fim tudo deu certo.
Rodrigo chegou queria dinheiro, mas desta vez eu tinha mesmo.Paguei e não bufei.Assim passou a manhã meio no embrulho.Drepois do almoço subi a serra fui ver o gado; faltou o almirante, campeei, campeei e não achei; pensei hoje já me castiplaram o dito;voltei já tarde e cansado.Passarinho e José Tunico estão apanhando goiabas, acharam demais-vai dar doce!Geracina amanhã está apertada;Não jantei, comi leite com angú.Lauro chegou-vamos arrumar goiabas companheiro!Assim fizemos arrumamos goiabas até agora:10,25.Escrevi essas bobagens que aí estão.Vou tomar um banho para dormir.
Ó Deus, eu vos peço, abençõe a minha família,dando-lhes a paz.
Boa noite

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Causos de Milton Ferreira (Fulvo: A cor do lobo!)


Muitas são as histórias envolvendo nosso pai.
A maioria delas carregada pelas cores intensas de seu pioneirismo, de sua fibra, de sua determinação e de sua infindável luta na consecução de recursos suficientes para botar um diproma na mão de cada um dos membros de sua numerosa prole, o que acabou fazendo dele um homem sempre a frente de seu tempo.

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Isso daria um livro... Talvez um dia algum de nós o escreva!

Mas aqui, neste Blog, gostaria que deixássemos registrados alguns daqueles causos mais divertidos e que, apesar disso, ou, por isso mesmo, muito contribuíram na construção da forte imagem que temos de nosso pai.
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Causos como este:
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Papai veio montado no Marengo, um dos cavalos que ele mais gostava, embora nós, meninos mais afeitos aos “pegas eqüinos”, o julgássemos um tanto lento, e sempre o preteríssemos em favor do Moleque, do Corsário ou de outro com maior ardência.X

O pelo suado e o resfolegar intenso do animal denunciavam que havia sido longa a cavalgada.

De fato, papai havia percorrido longo trecho, margeando a serra, desde os campos do chicuta, passando pelas terras do Pinto - fazendeiro vizinho - até o Curralinho, onde naquela época, havia uma fábrica de queijo na qual era entregue o leite produzido na nossa fazenda. Não me lembro o motivo que teria o levado até lá, mas considerando as constantes dificuldades financeiras, é bastante provável que tenha ido em busca de algum adiantamento de pagamento pelo leite a ainda ser entregue.

Já principiava anoitecer quando ele chegou e chegou trazendo uma história fascinante, a qual foi prontamente narrada, não sem forte dose de dramatização, como lhe era peculiar, para uma atenta e fascinada platéia:
- ... era enorme - contou ele - passou, vagarosamente, com seu porte altivo e elegante, a poucos metros de mim. Era fulvo...
- Fulvo? - Espantou-se alguém.
- Sim, fulvo... E muito bonito.
E o que significava fulvo? De repente a palavra se tornou mais importante do que o animal, do que o fato em si. “Então é marrom?”; “Não... fulvo.”; “Castanho?”; “Também não... fulvo.”...
E fulvo ficou.
Era essa a cor do lobo: FULVO!
No Aurélio:
Fulvo: Tirante a ruivo, amarelo tostado, de cor avermelhada, aloirado.
Quem souber outros “causos” como este, pode postar no Blog ou o repassar para um de nossos correspondentes para que aqui seja postado.