segunda-feira, 6 de julho de 2009

Roçada

Estes meus manos!

Agora é o meu correpondente para assuntos do Centro-Oeste que não consegue postar (aliás, nem se cadastrou como autor ou colaborador, não aceitando, assim, um dos inúmeros convites que lhe fiz... Tô mesmo mal arrumado!), daí tenho que ficar garimpando nos raros comentários um provável post, como este que encontrei de um tal "anônimo" (devidamente assinado pelo Tarlei).


ROÇADA
- Lembranças de Infância -
Tarlei

Saímos cedo
Não cedinho
Após a tirada do leite
Trato de porcos e galinhas.
Eu na garupa
Tentando não tagarelar
O pai estava sisudo
Melhor não amolar
No capim da beira do caminho
Ainda tinha orvalho
O que dava um tom prateado na relva
Com o lumiar do sol matutino
Avistei alguns passarinhos
Como o trinca ferro
E a arredia alma de gato
Que disfarçava na ramagem do esporão de galo
Nada comentei
Pois o velho continuava calado
Ouvi latidos
Logo apareceram cachorros magros:
Um amarelo e outro cinza.
Sai cachorro, vai deitar Leão
Fizeram com que deitassem, desconfiados em algum canto.
As cabaças com água embaixo das moitas de capim gordura
Os caldeirões de comida embrulhados em panos brancos muito limpos
dependurados em galhos fora do alcance dos cachorros
O cheiro marcante e gostoso do mato morrendo, o sibilar das foices
relampeando ao sol.
Chapéu na mão em sinal de respeito
- Bom dia.
- Como vai o serviço?
- Tem muito espinho, garrancho. O serviço não está rendendo.
- Aperta o passo. Se não vocês não tiram a tarefa combinada.
- Sim senhor.
Faz-se então a vistoria na área roçada.
Cuidado com as pontas de pau,
estrepe perigoso.
- Este pessoal é mole, está pegando o serviço tarde.
Toca o cavalo para o lado da sede.
Cara de poucos amigos.

Um comentário:

  1. Tarlei...meu poeta querido...um dia quem sabe façamos uma dupla...que pretensiosa sou eu!

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