quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Viagem

A seguir uma brincadeira... Algo que escrevi já há bastante tempo e que acabou reaparecendo quando eu bisbilhotava um "velho baú" (eletrônico, é bem verdade). Achei divertido, embora um tanto infantil, e resolvi postar no Blog.



Foi numa quarta... Pode também ter sido numa quinta, ou até mesmo numa sexta-feira. O fato é que, fosse o dia que fosse, o mundo corporativo, sustentado pelo capitalismo mais e mais selvagem a cada gota de gula saciada, fervilhava no meu cérebro como desde sempre. O cansaço não encontrava conforto nem no relógio folheado a ouro que há pouco me havia sido entregue, também não encontraria na lindíssima garota-de-programa (um eufemismo para prostituta, puta, piranha...) que eu deixaria a repousar lânguida, numa suíte de luxo, de um hotel luxo, da não tão luxuosa Avenida Atlântica, enquanto eu buscaria meu confortável apartamento, onde eu me atiraria sobre meu colchão de molas alemãs importadas... Já acontecera tantas vezes! Repetidas vezes. Era sempre a mesma fotografia, com apenas leves alterações no contraste, na luz, ou no enquadramento, mas sempre a mesma fotografia. Mas, não naquele dia. Não naquela quarta ou quinta-feira: O chão desapareceu, a glote fechou, sumiu o ar e o cérebro se desfez... Deu boot, pirou, foi pro saco! Com um bico fechei a porta do meu carro e o abandonei, luzes piscando, alarme sonoro a toda, no estacionamento da Firma. Tomei um táxi e, na rodoviária Novo Rio, comprei uma passagem para uma cidade do norte do Estado e de lá, de uma cidadezinha para outra até chegar a Cu-de-judas.

Aqui estou... E onde estou não existe asfalto, carros, água encanada, energia elétrica e, portanto, nenhum dos benefícios dela decorrentes: Banho quente, cerveja gelada, sorvete, rádio ou TV... Afinal, aqui é Cu-de-Judas! Mas ninguém parece sentir nenhuma falta de nada disso e eu, aos poucos, vou me sentindo... Sei lá o que! Talvez mais primitivo, mais natural, mais eu, menos personagem... Meu relógio folheado a ouro pagou algumas passagens, alguns pernoites e o que desse para comer nos botequins de rodoviárias, até aqui chegar. O paletó do terno foi abandonado em algum ônibus, ou talvez no banco de alguma praça, onde foi usado como travesseiro. Da camisa arranquei as mangas e a calça foi cortada e transformada numa espécie de bermuda. E assim me ajeitei. Moro na casa de Seu Epaminondas, Dona Juréia e seus seis filhinhos. Não de favor, não senhor, consegui trabalho na Forjaria Cu-de-judas, ajudando na fabricação de ferraduras, facas, rodas para carroças e outras peças fundamentais, em troca de moradia, comida e uns trocados que dá para comprar umas peças de marmelada, um pedaço de fumo e até para pagar uma pinguinha, de vez em quando, pra mim e pro Neguinho da Forja.

No começo cada músculo de meu corpo doía como nunca doeram nem mesmo após uma das mais prolongadas sessões na Academia Corpus, seguida de uma acirrada disputa de tênis no Tênis Rio Clube, complementadas com uma sessão de alongamento de romper a fibra mais elástica da natureza inumana. Mas agora não tanto e meus olhos já ardem menos... Já se adaptaram às intensas variações de luminosidade na forja e também à leitura sob a luz de velas ou lamparinas. As lamparinas ainda me incomodam um pouco, a fuligem impregna minhas narinas e ataca minha incurável rinite, conseqüência da intensa poluição do Rio, o que continua me chateando. Mas, estou seguro, é apenas uma questão de tempo. A felicidade e a saúde tomaram posse de Cu-de-judas e de todos aqueles que Cu-de-judas apadrinha ou vier apadrinhar. Só me chateia – às vezes, um pouquinho só – a inexistência da internet e a falta de opções para leitura... São mesmo necessárias?

Hoje é domingo. Não é um domingo qualquer, é um domingo com missa. Na casa de Seu Epaminondas e Dona Juréia o domingo amanheceu ainda no sábado: “Minondas, peia aquele frango vermeio deix’êle bem quietim qui’é pra mode a carne ficar bem maciin, pra quando o Padre chegá...”; “Jura, cê areou a bacia?”... É que o padre vinha uma vez a cada mês e se hospedava na casa de Seu Epaminondas e Dona Juréia. Era o mesmo que se Jesus Cristo em pessoa (ou em Espírito, sei lá!) viesse aqui se hospedar. Por conta da missa, a forja não operava desde o fim da sexta-feira. Eu que já havia tratado de me ajeitar, até que estava preparado para a festa: Já tinha conseguido uma calça melhorzinha e algumas bermudas usadas; duas camisas: uma para o trabalho – que varava a semana toda – e outra, de sexta – que eu usava o final de semana. Descalço... Mas quem não estava? Que festa! O padre chegou, comeu e bebeu (Café da manhã: Broa de milho, pamonha, biscoito de polvilho azedo, bolachas, queijo e requeijão, leite com canela, café com rapadura e, para digestão, chá de boldo), bateu o sino da capela, pregou (Uma batalha infindável entre o bem e o mal, a virtude e o pecado, Cristo e o Satanás em guerra e eu querendo entender quem era o mocinho e quem era o vilão em todo o imbróglio), convidou o povo para o XXI Leilão Beneficente da XXI Quermesse de Cu-de-judas (E fomos todos, cerca de cem pessoas, entre crianças e adultos, se tanto. Eu até arrematei, quando seu Epaminondas meneou a cabeça dizendo que sim, a leitoinha que ele próprio havia ofertado como prenda. Fiquei sem os trocados de duas semanas, mas também não abri mão de meu prêmio e não lhe devolvi a leitoinha), comeu e bebeu (Almoço: Frango vermelho refogado com quiabo, arroz, feijão, angu... Quando estava quase terminando, Dona Clara trouxe um lombinho que: “Era uma pena se o Padre não comesse”, goiabada com queijo e para digestão, chá de boldo), visitou o Tião-perna-seca e Dona Jesuíta-Parteira, garantiu alguns votos para a reeleição de um prefeito que ninguém de Cu-de-judas nunca viu, comeu e bebeu (Café da tarde: Leite com canela, pão de batata, café com rapadura e, para digestão, chá de boldo), despediu de uns, mochila cheia de prendas e trocados, montou no jeguinho alugado e se foi, balançando as pernas estrada poeirenta afora.

Dilce, a filha mais velha de Seu Epaminondas e Dona Juréia, cerca de dezesseis anos, parece estar interessada em mim, mesmo tendo eu mais do que o dobro de sua idade. Não a recrimino. Afinal, que opções tem? O Neguinho da Forja, cerca de vinte anos, é um bom sujeito, mas bronco como ele só; O Bola, filho do Tião Padeiro, talvez fosse a escolha mais acertada, também meio passado na idade e bastante obeso, mas sabe fazer algumas contas e até ler um pouquinho; O Zezé da Cotinha apenas em condição de extremo desespero, mirradinho, franzininho e boiolinha como ele só... E acabou. Não é tão feiinha assim a Nilce. A simplicidade, chegando a ser simplória, a candura e a inocência naturais da pouca idade, lhe emprestavam um que de graciosidade digno de nota. Melhor eu manter distância. Na secura que me encontro... Vai que eu acabo me metendo a besta?

Todos já me conhecem. Com os meus bons conhecimentos de gestão empresarial, tenho contribuído, e muito, para a melhoria da produção na Forja Cu-de-Judas: Diversificamos a linha de produtos, introduzindo a fabricação de fundidos em bronze e latão; expandimos a área de comércio, levando a marca e os produtos da FFCJ – Forjaria e Fundição Cu-de-Judas – para além das fronteiras de Cu-de-Judas; Empregamos mais dois auxiliares... Entrou mais grana!

Estão dizendo, informações quentíssimas trazidas pelo Padre Waldir, que a energia elétrica chega a Cu-de-Judas, no mais tardar, até o Natal. Só se fala nisso. Dona Juréia sonha com uma geladeira e, quem sabe, até uma TV; Seu Epaminondas com a possibilidade de expansão da FFCJ; Dilce com um secador de cabelos... E eu? Eu estou começando a ficar preocupado: Cu-de-Judas poderá deixar de ser tão cu-de-judas! Mas, enquanto isso não ocorre, de novidade mesmo, só o pedido de Dilce em casamento que o Bola fez ao Seu Epaminondas, prontamente por ele aceito (uma boca a menos?) e não rechaçado por ela. Casamento marcado (Para quando a energia chegar), Dilce, apareceu à noite no meu quarto.

A energia elétrica chegou; A TV acabou com as prosas na frente dos portões das casas; a FFRCJ – Forjarias e Fundições Reunidas Cu-de-Judas – prospera; Seu Epaminondas quer que eu amplie ainda mais a área de comércio; Dilce e Bola casaram-se e ela já está grávida (quando pode, sussurra ao meu ouvido: O neném é seu!); E eu? Bem aos poucos, vou me sentindo... Sei lá o que! Talvez um pouco menos primitivo, menos natural, menos eu, mais personagem...

Existirá uma Nova-Cu-de-Judas?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Casamento Bruno e Maísa - Ferreiras na Farra!

Pois é, Ferreirada! Tem novidades no Blog... Postei um novo album de fotos, o qual foi denominado "Casamento Bruno e Maísa - Ferreiras na Farra!".

O procedimento para acessá-lo é o mesmo, ou seja;

(1) Clique no link ao lado "Ferreirada por ai (fotos)"

(2) Se não aparecer de imediato os álbuns, clique na aba "minhas fotos" ou "galeria de maferreira", a que aparecer.

(3) Clique em da "capa do album" e curta as fotos (ou melhor, a farra!)

Pode até ser mais fácil simplesmente clicar no link abaixo, mas é mais emocionante o caminho anterior, não é?

http://picasaweb.google.com.br/maferreira90/CasamentoBrunoMaisaFerreirasNaFarra01#

Causos de Milton Ferreira (A Cirurgia)

Na roça de tempos ido, a lida era diferente. Tudo era mais difícil! E ainda que apreciada, à distância, sob o olhar saudoso e romântico, de alguém que a viveu mais como coadjuvante do que como ator principal, as dificuldades sempre afloram. Na Fazenda dos Coelhos, em Paulo Freitas, por exemplo, apenas para citar alguns, a ordenha era manual, o leite entregue em fábricas distantes, debaixo de sol ou chuva, levado no lombo de burros, ou em carroças por eles puxadas; todas as atividades agrícolas, do plantio à colheita, eram manuais e árduas; o acesso às informações difícil; as distâncias longas; as estradas péssimas... Enfim, ainda que se vislumbre certa aura de pureza naquele jeito caipira de ser, nada era fácil.

Para a exata percepção da história que a seguir narro, é necessário compreender estas dificuldades.

Começo por explicar – porque sei que a maioria não conhece – como era beneficiado o feijão: A colheita, como já foi mencionado, era manual. Arrancavam-se as ramas de feijão e formavam-se pequenos montes, mais ou menos com o mesmo espaçamento entre si, os quais, posteriormente eram carregados em carros de boi (carros puxados por bois) e transportados até os “terreirões”, onde eram deixados a secar. Após algum tempo, salvo engano meu, três ou quatro dias, dependendo do sol e de quão maduro estivesse o feijão, no momento da colheita, dava-se a separação dos grãos das vagens e ramas. Para tanto era necessário “bater” o feijão. Atividade bastante extenuante, mas bonita de se ver: Dois ou três peões, empunhando cumpridas e flexíveis varas, davam ritmadamente com as mesma sobre o feijão espalhado no terreiro, fazendo com que os grãos se desprendessem da vagem. Em seguida, era só sacudir a palha, peneirar e ensacar o feijão “beneficiado”.

Naquele ano, papai, tinha colhido muito feijão e o processo de beneficiamento, para nossa alegria, gerado muita palha, a qual foi acumulada no “terreiro de baixo”. Ali a criançada se esbaldava, deixando a imaginação correr a solta: Túneis eram escavados; bunkers (sei que nunca foram chamados assim, mas não acho outra palavra...) construídos, atacados e destruídos; cidadelas conquistadas e heróis forjados.

Uma das técnicas para destruir um bunker era simplesmente se jogar sobre ele e foi exatamente isso que Zezé, filho da Rola, em dado momento fez, no que foi, acidentalmente, aparado por uma ponta de lança – na verdade uma farpa pontiaguda de uma vara quebrada, ali colocada, a guisa de estrepe, por alguém de nós. A lança o atingiu justo no saco, rasgando-o e expondo inteiramente um dos testículos.

Um Deus nos acuda! Nosso pai nos mata... Mas, na verdade, foi ele o salvador.

Estava lá o Zezé estendido sobre a mesa da casinha de biscoito, a calça abaixada até os joelhos, olhos arregalados, mais pelo medo do que pela dor, o saquinho encolhidinho e o testículo exposto, pela primeira vez respirando o ar livre...

- Lilia – Gritou papai, tendo decidido fazer dela a enfermeira chefe e dele próprio o cirurgião – me traga agulha, álcool e uma linha forte.

Mãos desinfetadas, uma boa dose de álcool na bolsa escrotal... Aí Zezé urrou!

- Segure as pernas deste menino! – Ordenou papai.

Coube a mim. Segurei firme, mas não arrisquei um só olhar para a zona de perigo.

- Pronto. – Exclamou papai, após muitos gemidos, esperneadas e tentativas de fuga. – Amanhã pegamos o trem até Itumirim pro Doutor dar uma olhada nisso.

O Doutor examinou bem o menino: O saco muito inchado e meio roxo. Apalpou com cuidado, examinou novamente, desta vez fazendo uso de uma lupa...

- Qual foi o procedimento? – Perguntou ele.

- Desinfetei bem, com álcool, recolhi o “baguinho” e costurei – Respondeu papai.

- Linha de costura? – Perguntou o médico.

- Linha de costura... – Respondeu.

- Forte?

- Forte...

Examinou uma vez mais e dirigindo-se ao Zezé:

- Você pretende ser padre, meu menino?

Ao que Zezé, absolutamente assustado, balançou a cabeça, seguida e de forma a não deixar dúvidas, em sinal de negação.

- Muito bem. Então pode se casar e ter muitos filhos... Só vou lhe passar um antiinflamatório e tudo estará bem – Concluiu, para o nítido alívio também de nosso pai.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

12/10 - Feriadão, foi assim:

Morando nessas distantes terras do belo e quente Mato Grosso - Estado ao qual acabei me afeiçoando mais do que devia -, com filhos e netos (um em fabricação) morando em Sampa, BH e Macaé, o jeito para reunir o clã é fazendo acontecer um "ponto de encontro".

Decidimos, melhor dizendo: Rose articulou - Seria essa uma habilidade intrínseca às mulheres? Nossa mãe era especialista! - para fazer do nosso AP, no Rio de Janeiro a tal referência e, assim, no "feriadão de outubro" lá estavamos nós: Eu, Rose, David, Marcele, Isabela, (???), Nanda, Gabi e Tácio... Bão demais! (Pra provocar uma invejazinha liguei pro Tarlei da praia de Ipanema, enquanto caminhava, de mãos dadas com Isabela... Deus me castigou por querer fazer inveja e Dado me ligou da cozinha de Dona Lilia, onde estavam ele, Lu e Naira).

Então, foi assim... E este post vai apenas para dar notícias, dizer que estamos com saudades e solicitar notícias da Ferreirada.

Beijos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cão de Caça

Que silêncio é este
que amplifica o gorjeio dos passarinhos?
Que ausência é esta
que se apresenta em todos os cantos?
No velho portão que abre e fecha
ao sabor do vento,
na lenha que crepita
no fogão para sempre apagado,
no lençol de linho alvejado,
na colcha de retalhos coloridos,
nos cômodos, incômodos, imersos,
imensos, desertos?

Que silêncio e este
que amplifica o gemido da alma?
Que ausência é esta
que adentra a capela
- meu olhar acende as velas -
e por nós ora e a Deus implora,
que abre as janelas,
rega as plantas,
colhe as laranjas, as goiabas, as mangas,
limpa o suor,
e sorri para o sol?

Que silêncio é este
que amplifica e qualifica esta dor?
Que ausência é esta
que se apresenta tão carne,
no cão de caça farejando significados,
no mugido do gado,
nas marolas do lago,
nas sementes da umbela,
e no cheiro do corpo-capim?

Silêncio, ausência... Apenas em mim?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Prus minêrus qui num dispensa "uma"

Ranking Playboy da cachaça

Cada vez mais, o Brasil deixa de ser o único país do mundo a se envergonhar do seu destilado. A boa e velha cachaça há muito deixou de ser uma bebida sem valor. Hoje é apreciada em confrarias, tem admiradores mundo afora e já conta com legislação específica. Fatores que, combinados, impulsionam um mercado promissor, com lucro de até 600 milhões de dólares ao ano.São mais de 5 mil marcas de cachaça legalizadas no Brasil e uma produção de cerca de 1,4 bilhão de litros ao ano. Nessa conta estão desde cachaças artesanais que levam anos para ficarem prontas e podem custar até 500 reais a garrafa, até pingas industriais produzidas em algumas horas e vendidas a 2 ou 3 reais. Um abismo não só de preço, mas principalmente de qualidade. Dizer qual cachaça tem sabor mais intenso, melhor buquê, melhor aroma e, em especial, qual realmente vale o que se paga por um vinho importado (embora raramente custe tanto) não é tarefa simples. Por isso, reunimos 13 experts no assunto e pedimos que eles votassem nas melhores cachaças do Brasil. Apurada a votação, levamos o químico especialista em destilados Erwin Weimann, autor do livro Cachaça: a Bebida Brasileira, à Universidade da Cachaça, em São Paulo, onde, ao lado do chef Sérgio Arno, dono da casa, ele degustou e comentou cada uma das 20 escolhidas. Confira aqui quais são, segundo os bons entendedores, as melhores aguardentes do país.

20º Lugar Volúpia

Procedência: Alagoa Grande, PB. Graduação alcoólica: 42% Envelhecimento: descansada um ano em freijó. Bebida de sabor forte e bastante pronunciado, a paraibana Volúpia é uma das duas representantes das cachaças nordestinas na votação dos especialistas. É descansada em freijó, uma madeira típica do Nordeste, raramente usada por outros produtores e que pouco interfere na bebida, o que explica a cor branca dessa aguardente.

19º Lugar GRM

Procedência: Araguari, MG; Graduação alcoólica: 41%; Envelhecimento: dois anos em carvalho, umburana e jequitibá-rosa. Cachaça envelhecida de excelente equilíbrio e harmonia. A combinação de três madeiras suaviza a força da umburana e proporciona um sabor palatável, puxado para o amargo.

18º Lugar Seleta

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 42%; Envelhecimento: dois anos em umburana.
Envelhecida em umburana, a Seleta é um bom exemplo da presença dessa madeira, que empresta um gosto acre, forte e persistente por muito tempo. Recomendada aos que gostam de sabores intensos.

17º Lugar Abaíra

Procedência: Chapada Diamantina, BA; Graduação alcoólica: 42%; Envelhecimento: três anos em carvalho. Límpida e brilhante, com aroma suave. Nela prevalece o carvalho, que virou um símbolo de qualidade entre destilados, por causa dos uisques e conhaques.

16º Lugar Lua Cheia

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 45%; Envelhecimento: entre dois e três anos em bálsamo. Das mais típicas de Salinas. O bálsamo confere a ela uma cor dourada e cintilante, além de trazer um sabor amadeirado e levemente apimentado.

15º Lugar Mato Dentro

Procedência: São Luiz do Paraitinga, SP; Graduação alcoólica: 41%; Envelhecimento: descansada oito meses em amendoim. Na variação Prata, a escolhida pelos votantes, ela é envelhecida em tonéis de amendoim, uma madeira neutra, que interfere pouco na aguardente, e dá coloração límpida. Tem sabor e aroma delicados, próximos da cana. Quase com "cheiro de roça".

14º Lugar Corisco

Procedência: Parati, RJ; Graduação alcoólica: 45%; Envelhecimento: dois anos em carvalho
"É uma cachaça jovem, que ainda precisa envelhecer", afirmam nossos conhecedores. A combinação de muito álcool e pouco envelhecimento, característica das cachaças de Parati, resulta numa bebida forte e picante. Boa representante das pingas da região.

13º Lugar Sapucaia Velha

Procedência: Pindamonhangaba, SP; Graduação alcoólica: 40,5%; Envelhecimento: dez anos em carvalho. É do envelhecimento no carvalho que vem o sabor e o buquê acentuados. Criada em 1930, tem fama de ser produzida com extremo cuidado.

12º Lugar Indaiazinha

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 48%; Envelhecimento: oito anos em bálsamo. De cor dourada, passa por longo envelhecimento no bálsamo, o que dá a ela um sabor ligeiramente semelhante ao de amêndoa. "Para se beber de joelhos", diz Weimann.

11º Lugar Maria Izabel

Procedência: Parati, RJ; Graduação alcoólica: 44% (o rótulo indica, erroneamente, 42%); Envelhecimento: entre um e quatro anos em carvalho. Suave, agradável, de baixa acidez. Aroma e sabor lembram a cana. Se destaca entre as cachaças de Parati pelo esmero da produtora e pelo uso do carvalho.

10º Lugar Piragibana

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 47%; Envelhecimento: 22 anos em bálsamo e carvalho. A Piragibana é harmônica, com sabor e aroma persistentes, ainda que delicados - resultado do longuíssimo envelhecimento em bálsamo e carvalho. Caso típico de influência da combinação de madeiras, aqui escolhidas por Juventino Miranda, o produtor.

9º Lugar Magnífica

Procedência: Miguel Pereira, RJ; Graduação alcoólica: 45%; Envelhecimento: três anos em carvalho. Uma cachaça equilibrada. Apesar dos 45% de graduação alcoólica, a Magnífica é uma bebida suave, que desce fácil e apresenta buquê simples de cana jovem. Sua cor límpida é mais um destaque.

8º Lugar Armazém Vieira

Procedência: Florianópolis, SC; Graduação alcoólica: 44%; Envelhecimento: quatro anos em ariribá. O ariribá, madeira do litoral catarinense pouco usada no armazenamento de cachaças, tem interferência mínima na bebida e permite que ela envelheça sem afetar o gosto da cana. Desce macia, segundo os especialistas, pois o frescor da cana equilibra bem com a madeira.

7º Lugar Casa Bucco

Procedência: Passo Velho, RS; Graduação alcoólica: 40%; Envelhecimento: dois anos em bálsamo e carvalho. Seu aroma e o sabor de carvalho são persistentes e lembram um bom brandy. É ácida e um pouco forte, sabores típicos de um terroir com pH elevado. Para quem gosta de carvalho e de tudo o que a madeira empresta à bebida.

6º Lugar Boazinha

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 42%; Envelhecimento: dois anos em bálsamo. Cor brilhante e viscosidade perfeita, com forte presença do bálsamo no aroma e no sabor, que persistem longamente. A Boazinha é uma clássica representante de Salinas, por causa da influência da madeira: cor bem amarelada e sabor marcante.

5º Lugar Claudionor

Procedência: Januária, MG; Graduação alcoólica: 48%; Envelhecimento: entre um e meio e dois anos em carvalho. A cidade de Januária já foi sinônimo da bebida, mas perdeu a vez para Salinas como região emblemática da cachaça mineira. A Claudionor, porém, é ótima opção para quem gosta de cachaça à moda antiga, forte, com muito gosto de cana. Para adequar-se à nova legislação, teve de reduzir seus 54% de graduação alcoólica para "apenas" 48%. Transparente, apesar de bem envelhecida, Claudionor tem buquê neutro, de cana madura e bem descansada, cujo gosto persiste na boca. É uma cachaça com corpo, equilibrada, perfeita para quem foge das madeiras.

4º Lugar Germana

Procedência: Nova União, MG; Graduação alcoólica: 40%; Envelhecimento: dois anos em carvalho e bálsamo. Facilmente reconhecida numa prateleira devido à embalagem, a garrafa da Germana é toda revestida de folhas secas de bananeira por mulheres artesãs do Engenho de Nova União. O objetivo é proteger a bebida da luz e do calor e assim manter suas características. Antes de ser engarrafada, a Germana envelhece dois anos em tonéis de carvalho e bálsamo. O resultado é uma cachaça suave, com sabor sutil, que pode agradar também ao público leigo.

3º Lugar Canarinha

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 44%; Envelhecimento: três anos em bálsamo. A procedência e o sobrenome do produtor são belas credenciais. Produzida em Salinas, a Canarinha é feita por Noé Santiago, sobrinho de Anísio Santiago, criador da famosa cachaça Havana (veja abaixo). Antes de ser embalada nas tradicionais garrafas de cerveja, ela é envelhecida por três anos em tonéis de bálsamo, o que lhe confere uma cor suave, amarelinha, e um sabor levemente apimentado, típico das aguardentes de Salinas. Para Weimann, a cor dourada como um champagne, o sabor frutado e o buquê de flores do campo e capim fazem a diferença. "É uma cachaça das mais puras, equilibrada, persistente e excelente", garante Weimann.

2º Lugar Anísio Santiago

Procedência: Salinas, MG; Graduação alcoólica: 44,8%; Envelhecimento: entre seis e oito anos em carvalho e bálsamo. Anísio Santiago é mais que uma cachaça - é um mito. Forte, com cheiro de madeira seca, um leve amargor que permanece na boca, sabor e aroma persistentes. "O segredo de Anísio é a combinação de madeiras diversas. Não é perfeita, é mais uma boa cachaça, um ícone a ser reverenciado", diz Weimann. E que se tornou mitológica devido a uma questão judicial: a Havana perdeu o nome e foi rebatizada como Anísio Santiago. Hoje, uma garrafa antiga de Havana chega a custar mais de 20 mil reais. "É o marketing 'cubano': 'a gente faz por gosto, dane-se o mercado, quem quiser que corra atrás'. Ainda que haja uma dúzia de cachaças tão boas quanto ela por 10% do preço", diz o jornalista Ronaldo Ribeiro, autor de várias reportagens sobre a Havana. O preço de uma Anísio Santiago varia bastante, podendo custar entre 200 e 300 reais em São Paulo. "A expectativa é tão grande que, ao provar, no primeiro gole você já está fascinado", garante Ribeiro. Tal é o sabor de uma boa história.

1º Lugar Vale Verde

Procedência: Betim, MG; Graduação alcoólica: 40%; Envelhecimento: três anos em carvalho. A campeã é uma cachaça correta em todos os sentidos. É produzida na fazenda Vale Verde que, além de engenho de cachaça, é também um parque ecológico, com visitas guiadas onde se podem conhecer os "segredos" da produção. A aguardente é equilibrada, encorpada e madura. Segundo os produtores, suas técnicas de fermentação e destilação foram baseadas naquelas praticadas na Europa para fabricação de whiskies. Isso proporciona um produto final equilibrado, estável, pronto. Os três anos em tonéis de carvalho explicam a cor dourada e o buquê marcante de madeira. É justamente esse envelhecimento que garante o equilíbrio da bebida, que desce redondinha, sem aspereza. A cana colhida no ponto certo, fruto dos solos calcários da região de Betim, a fermentação nos antigos alambiques de cobre e a criteriosa escolha dos barris de carvalho garantem a cor brilhante e o sabor adocicado persistente. Além disso, a Vale Verde tem a melhor relação custo-benefício.

Bão... Taí o ranking das cachaças.
Agora e só sair experimentando pra ver se é isso mesmo.
Juizo Ferreirada!

domingo, 4 de outubro de 2009

Olhos caboclos

Seus olhos
castanhos
agora me são
estranhos
Fugidios
não me fixam
escorregadios
me escapam


Seus olhos
risonhos
agora andam
tristonhos
lusidios
marejam
frios
me distanciam


escrevi estes versos para meu amor,acho que a tinha entristecido de alguma maneira.


Beijos galera.Estou sentindo falta de vocês.



Tarlei

sábado, 3 de outubro de 2009

La Negra

Ola Ferreiras,

Resolvi estrear no "blog do Marco", ou melhor, no nosso blog ou como disse o Marco na "nossa cozinha". Confesso que com tantos bons escritores como Marco, Miriam Tarley e Thiago fiquei inibido de me iniciar no blog. Já até havia escrito um post sobre corridas, porém não achei que valia a pena publicar. Depois de tanto pensar em como contribuir com esse excelente blog que nos une e muitas vezes tanta saudade nos traz, resolvi criar coragem e encarar esses poetas.

Pois bem, meu primeiro post será sobre música. Vocês lembram de Mercedes Sosa? La Negra como é conhecida na Argentina está nas últimas, já até recebeu a extrema unção. Não conheço muito sobre ela, sei apenas que ela é Argentina e foi ativista política e peronista, mas não tem como esquecer um LP que tinha lá em casa, se não me falha a memória era do Milton ou do Tarley. Ou seria da Naira?

Salvo engano, Miriam confirme para mim, o Maia inclusive não gostava que o Thiago escutasse as músicas dela, pois eram castelhanas ou algo assim. Isso procede?

Para quem nunca ouviu falar dela, vale a pena ouvir algumas músicas de Mercedes Sosa, para quem já conhece, vale também.

A seguir duas músicas clássicas da La Negra:

Gracas a La Vida

Solo le pido a Dios