segunda-feira, 20 de junho de 2011

Passará

Passará
Tem passado
Passa com a sua fina faca.

Tem nome de ninguém.
Não faz ruído. Não fala.
Mas passa com a sua fina faca.

Fecha feridas, é ungüento.
Mas pode abrir a tua mágoa
Com a sua fina faca.

Estanca ventura e voz
Silêncio e desventura.
Imóvel
Garrote
Algoz

No corpo da tua água passará
Tem passado
Passa com a sua fina faca.
(Hilda Hilst, Da morte. Odes mínimas. São Paulo: Globo, 2003, p. 72).

Como não olhar esse crepúsculo infindo dourando o distante sem lembrar que hoje faz dois anos que mamãe se foi para sua lua de mel eterna? Como não sentir esse aperto no peito?Essa saudade daqueles únicos dois?

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