quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Para você

Essas perdas, quem disse que necessárias?

Estancaram meu soluço
Secaram minhas lágrimas
Dilataram minhas narinas
Umedeceram minhas mãos
Paralisaram meus passos
Cortaram minha garganta
Calaram minha voz
Desenraizaram –me

No início, apenas um susto
Uma vaga consciência de perda.
Não reconhecimento do solo.
Amarga ausência.

Depois,
Espanto só.
O dia alimentou-se de seus segundos,
Faminto devorou seus minutos,
Guloso, sua hora... e agora?
O dia espetacular obeso...
Que me importa!

Espanto,espanto só
Não mais minha casa,
Não mais minha família
Não mais eu


Meu Deus, e agora?
Agora,abismo
Silêncio
Exílio

5 comentários:

  1. Duro, não é Maninha?
    A gente bem sabe que é assim, mas a cada partida levam um pedacinho de nossas vidas...
    Você disse tudo com estes versos... "o dia alimentou-se de seus segundos..." muito bonito. Antropofágico?

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  2. O que é antropofágico?Vou precisar acionar o google bem.Seria tipo assim ,os olhos da saudade?
    Tarlei
    Linda poesia cocada.

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  3. Consultei o google e notei que sou um semianalfabeto.Só vale como antropofagia se a saudade comesse olhos humanos,e não se ela tivesse olhos.
    Tarlei

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  4. Titarlei, continuei sem entender o antopofagico. Mas que eu curti, mais uma vez, a poesia, curti!!!

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  5. Na verdade o ignorante sou eu... O termo adequado seria AUTOFÁGICO (de AUTOFAGIA: Manutenção da vida a custa da própria substância do indivíduo).

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