sábado, 22 de outubro de 2011

Do que os homens falam

(Extraído do Blog PHD de Jorge Santana)

Do que falam os homens…

 Sebastián Wainraich

Duas semanas atrás, almocei com duas garotas da redação do Ohlalá!.  Elas –pelo menos, elas- queriam saber do que nós homens falamos quando as mulheres não estão por perto. mas é provável que todas as mulheres gostassem de saber isto. E é provável que se decepcionem, pois falamos o mesmo que elas. A diferença é que dedicamos tempos diferentes a temas semelhantes. Por exemplo: se um amigo aparece dizendo que sua mulher está grávida, explodimos de alegria. Trocamos abraços, damos tapas nas costas, fazemos piadas idiotas (“até que enfim, conseguiu, hem?”; “quem fez o filho, ô, babaca?”), perguntamos se o amigo prefere menino ou menina, se já escolheram o nome e pouca coisa mais. Os que já são pais dão conselhos e indicam estratégias pra viver / suportar / ser feliz  durante os próximos nove meses. E pronto. Não se recomenda ginecologistas, obstetras, clínicas, nem cursos de preparação. Ah, sim, nem perguntamos como está a mulher do amigo.

Dedicamos mais atenção ao amigo que nos conta uma aventura sexual: nisto, sim, prestamos bastante atenção. Pedimos detalhes. Queremos saber das posições, o que ela topa, do que gosta, o que fala na cama… “Tem alguma foto pra mostrar?” “Filmou alguma coisa?“ ”É casada?”. Bem, são perguntas que só rolam se a a relação do amigo é puramente sexual. Se o caso é de amor ou se envolve a mulher do sujeito, (o que nem sempre coincide), não se  estica a conversa. No máximo indagamos sobre a frequência com que o casal faz sexo. E, em vez de converser seriamente, acabamos fazendo piadas com o assunto.

Obviamente, falamos de futebol. Do passado, do presente e do futuro. Jogadores, gols e campeonatos.  Trocamos desafios: “Lembra quem pegou no gol do Racing em 95?” “Quem meteu o gol no Brasil naquele amistoso da era Passarela?” Falamos de política e tecnologia. De cinema. De mulheres famosas. “Você encarava a fulana?”, pergunta alguém, e lança um nome inesperado pela idade ou pelo perfil e todos dizem, em uníssono: “Putz, tá inteiraça, mesmo!”
Ocorre também de, às vezes, estarmos juntos sem falar. Brincando no playstation ou jogando ping pong. Perdão, falamos, sim. Mas apenas sobre o que está rolando. Quem vence sacaneia quem perde. Aí, viramos crianças de novo. Chega-se a lembrar da infância e a falar de carros. De música. De trabalho, é claro.“Tá indo bem no serviço?” Tá a fim de mudar de trampo?” “Tem mulher gostosa, lá?“.

Se algum amigo traz um problema familiar, a gente o escuta. E, rapidim, mudamos de assunto. Fugimos da dor. Se outro conta que foi traído pela mulher e vai se separar, escutamos, mas não rendemos a conversa com medo de que o casal volte a se juntar. Arranjamos um lugar pra ele dormir e pronto. De que mais falamos? De peitos e bundas, é normal. Sempre!!! E de cantadas. Fazendo piada (ou não seria tão de brincadeira, assim, Freud?), falamos do jeito que a mulher nos agrada, do que faríamos com ela e por aí vai. Quando estamos juntos, nós homens, falamos pra dedéu.

Será que é por isto que, de volta pra casa, quando ela nos pergunta se estamos bem e o que rolou, já não temos saco pra responder?

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