domingo, 19 de dezembro de 2010

Ferreiras,

Segue definição da Wikipedia para o Amigo Chinês

"Nessa proposta secreto é o presente e não o amigo.

Estipula-se um valor para o presente e cada participante compra um presente, sempre tendo em mente que ele pode vir a ficar com o presente ao final. O presente deve estar embrulhado de forma a impedir que os participantes saibam o conteúdo da embalagem. Para iniciar o jogo sorteiam-se números para cada um dos participantes. Por exemplo, se 15 pessoas estiverem participando, números de 1 a 15 serão distribuídos para os participantes.

Aquele que sortear o número 1 será o primeiro a pegar algum dos presentes. O número 2 terá o direito de pegar o presente da mesa ou "roubar" o presente do número 1. Caso isso aconteça, o primeiro terá o direito de escolher outro presente da mesa. E assim vai seguindo: o terceiro pode escolher o presente do primeiro ou do segundo ou o da mesa.

O jogo termina quando o último número (nesse caso, o 15) escolhe o presente da mesa ou, se preferir roubar de alguns dos participantes, escolhe o presente de qualquer um dos números. Nesse caso, o último azarado será obrigado a pegar o presente da mesa, não importa qual for. Uma regra importante: cada pessoa poderá trocar o presente somente uma vez.

Essa versão também é conhecida como "Desapego"
"

Nesse Natal faremos o amigo chinês com preço de presente de R$15,00 a R$20,00

Eu, Lu e Isadora já compramos nossos presentes!!!

Beijos,
Dado

sábado, 11 de dezembro de 2010

11 de março de 1967(sábado)

Acabei de fazer a folha do pessoal, aproveito o lápis na mão para falar do dia de hoje.
Levantei hoje mais contente, dia de ir para Lavras é assim. Logo de manhã falei com Geracina: é preciso apanhar quiabo, abobra, couve, taioba e mais verduras que houver para levar. Tirei o leite nas latinhas, arrumei as linguiças, geléia e já fui dando um jeito de arrumar as cestas. Depois dei umas voltas nas roças para ver se arranjava moranga, só achei uma, trouxe esta. Ao chegar em casa, almocei, acabei de arrumar a cesta, encheu, e sobrou ainda muita coisa. Fui procurar outra, só achei uma sem o arco (?). Então falei pro J.Tunico por um arco na mesma e fui dando expediente de arrumar tudo. Arriei um cavalo e fui ver o serviço na lavoura; regular; não pode exigir muito mesmo não, a coisa hoje é assim, e se quiser, também sábado eu acho tudo bom, até os camaradas.Voltei, a outra cesta já estava pronta, arrumei esta também; oh que peso! Cada qual mais pesada que a outra. A. Vaz levou uma e Bento levou a outra.Fiz a folha do pessoal; Nossa Senhora! Não é possível, deste jeito não aguento. A folha de duas semanas ficou em $196000;Poxa! Fica aí escrevendo feito bobo que você perde o trem; olhei o relógio, lasquei um pulo.Está na hora.Tiau.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Aprendam Ferreirada!

(Sem sela e sem cabresto!)

Gostei tanto que resolvi postar.
Quem sabe o Tito faça deste um dos seus propósitos para 2011? O cavalo ele já tem...


É Natal

Ontem, encontrei um cartão enviado por nossos pais, há tempos e, achei que havia, além do escrito,um pedido para colocar o que me disseram no blog, para todos nós:
"Feliz o homem que percebe que o Cristo é grande demais para caber no esquema de uma religiãozinha particular". Pelo tempo que aproxima,feliz Natal e um ano novo cheio da benção de Deus."
Milton e Lilia

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Tanto eu a quis

A fumaça amarga do último cigarro
ainda me arde na faringe e narinas,
tanto quanto na pele ardem suas rudes palavras
e o grosso do sal em minhas retinas.

Mas acabou.

Não há sequer, na madrugada que se anuncia,
a folia desmedida de tresloucados pardais
o canto, ainda que longínquo, de um galo rouco,
mas apenas o presságio de que nunca mais...

Talvez chova.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Viver

Hoje, eu vivi
notei um sabiá
no pé de fruta
proximo à janela

Hoje, eu vivi
vi minha esposa
e a achei linda
a desejei

Hoje, eu vivi
notei o brilho do sol
achei graça
da minha sombra

Hoje, e só hoje
eu vivi
gostei de mim
gostei de viver

Dezembro

Pois é, Ferreiras:

Em Dezembro teremos vários aniversáriantes na família: Breno -05/12; Miriam - 15/12; Neto - 17/12; Daniel Jr - 18/12; Túlio - 19/12; Cesar - 24/12, e entre ele o do Ferreira-Mor, Milton Ferreira, nosso baluarte eterno, em 11/12.

Fiquem atentos!

Lembrei-me de uns versos que fiz por ocasião de um aniversário de Papai. Não me lembro quanto anos de vida ele completava a epoca, creio que estava entre os setenta e oitenta anos...

Os repasso para vocês:



SENHOR DE IDADE

 Meu pai é hoje um senhor de idade.
Que maldade!
Penso eu...

Bobagem:

A idade não lhe pesa
Como, de resto,
Nada nunca lhe pesou.

Pensando em lhe oferecer descanso:
Uma rede?
Uma cadeira de balanço?

Bobagem:

Meu pai nunca soube o que é descansar.



E creio que ainda não aprendeu... Deve estar lá Céu ajudando Cristo cuidar de sua Fazenda!



//

sábado, 27 de novembro de 2010

Natal Solidário

Que tal fazer algo diferente, este ano, no Natal?

Sim... Natal... daqui a pouco ele chega (para alguns poucos).

Que tal ir a uma agência dos Correios e pegar uma das 17 milhões de cartinhas de crianças pobres e ser o Papai ou Mamãe Noel delas?

Há a informação de que tem pedidos inacreditáveis. Tem criança pedindo um panetone, uma blusa de frio para a avó...

É uma idéia.

É só pegar a carta e entregar o presente numa agência do correio até dia 20 de Dezembro.

O próprio correio se encarrega de fazer a entrega.

Imagine uma criança pobre (essa da foto, por exemplo), recebendo o presente que pediu ao Papai Noel!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Receita: Pintado com Cerveja

Ainda em ajuda ao meu mano Tito, que entre seus propósitos para o Ano 2010 incluiu aprender cozinhar, segue mais uma receita.
Como creio que nas anteriores não obtive muito sucesso, uma vez que não recebi de volta nenhum comentário, escolhi uma de preparo bastante simples:


Pintado com Cerveja

Ingredientes:


3 kg de pintado
1 lata de azeite
2 pimentões
2 dentes de alho
4 cebolas médias
1 kg de tomate
sal a gosto

12 latas de cerveja

e

v
v
v
v
v

1 mulher (Pode ser a sua mesmo )!!!!



Modo de preparo:



Ponha a mulher na cozinha com os ingredientes e feche a porta para não a incomodar (afinal, a gentiliza masculina é um predicado insubstituível)
.
Tome as 12 cerveja durante duas horas com seus amigos (se achar que a cerveja é insuficiente, pode aumentar).

Em seguida, abra a porta da cozinha e peça para que o peixe seja servido...


É uma delícia e quase não dá trabalho!!!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Natal – Convocação Geral

Queridos Ferreiras,
Estamos há um mês do Natal e avalio que é de fundamental importância darmos sequência na cerimônia que por tantos anos nossos pais prepararam para nós.

Usarei o “blog do Marcão” para convocar todos para o nosso tradicional encontro bianual de fim de ano.
Conversei com alguns irmãos sobre o assunto e é consenso que o Natal deva ser na nossa casa. Já até elaboramos, eu e Naira, um cardápio para os dias de Natal.

Peço a todos que manifestem sobre presenças, ausências ( justificadas e registradas em cartório), sugestões para organização e afins.

Manifestem o mais rápido possível, de preferência até o dia 03/12.
Beijos

terça-feira, 9 de novembro de 2010

De nome saudade

Quis hoje fazer um poema, um conto, talvez uma crônica para evocar seu nome, sua presença, seu colo. Quis gritar, implorar, suplicar para que essa saudade suavisasse. Quis mais, quis chorar, rezar, silenciar...mas tudo em vão.E assim no sem mais, percebo que tudo que tenho e posso dar é o espanto, o espanto ainda de tê-la perdido.
Imitando Emília, feliz desaniversário, minha mãe!

sábado, 6 de novembro de 2010

A arte do chá

(Paulo Leminski)

ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente não disse nada
e ficou por isso mesmo

Para Lilia

 


Minha saudade a abraça, doída
e ciente, de que o abraço
só será possível em outra vida...
Nesta apenas ela, saudade, tem braços.

Mas me espere. Vidas vêm e vão.
Plena, rasa... Não importa qual viverei.
Em todas, saudades existirão,
em uma ou outra, novamente a abraçarei.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pedido



Ave Maria.

Salve Rainha.

No próximo dia nove,

minha mãe,

sua filha,

aniversariará...


Abrace-a por mim!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Gente que dá gosto!

Cruzeiro x atlético-MG

(A saga de um pé frio)

Pessoal, olhem só o que aconteceu:

Após de ter assistido, via PFC, o fatídico clássico 24/10 (Cruzeiro 3 x 4 atlético-MG), p. da vida e procurando uma explicação para uma das coisas mais louca que já vi em minha vida, considerando que o Cruzeiro finalizou muito mais do que o atlético-MG (23 vezes contra 7 dos rosados) e, ainda assim, saímos perdendo, enviei o seguinte e-mail para o Dado, com cópia para o Neno e para o Bruno:

Que jogo maluco foi aquele???

Tô achando que o Neno foi ao estádio, assistiu o primeiro tempo e quando viu a vaca no brejo se mandou...

Aí no segundo tempo, sem a presença dele, o Cruzeiro quase que empata!

Beijos.

Colelo


Eu não tinha falado com o Neno e obviamente, não tinha conhecimento de suas andanças naquele domingo. Contudo, considerando seu histórico "pé frio", fiz essa inferência.

Agora vejam a resposta do Maninho:


Colelo,

Não sei porque, vocês pensam isso de mim.

Mas quase acertou, na verdade saí do estádio após o quarto gol do atlético. Precisavam ver as carinhas da Aline e Paula.

Só para terem uma idéia de como foi o nosso domingo.

Levantamos cedo, fomos a missa e então partimos para Uberlândia. Almoçamos em um ótima churrascaria, lá começamos a entrar em clima de jogo. Vários torcedores azuis ali estavam.

E a chuva caindo.

Fomos ao shopping. Estava lindo, torcedores de azul por todos os lados, na praça de alimentação nem se fala. raramente se via algum atleticano.

E a chuva caindo.

As 5:00 fomos para o Parque do Sabiá. A chuva tinha diminuído um pouco, mas ainda estava chuviscando. Ficamos da 5:30 até a hora do inicio do jogo, tomando chuva, aguardando. O estádio apesar de não estar lotado, estava muito bonito.

O jogo vexes já sabem, nunca vi tantos gols perdidos pelo lado do CRUZEIRO, e nem tanta facilidade da bola entrar pelo lado dos Galináceos.

Após o quarto gol do atlético, chamei minha turminha, Ana, Aline e Paula, para irmos embora, pois ainda tínhamos uma pequena viagem pela frente, e pelo rádio fui sabendo dos resultados.

Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem.

Grande beijo.

OBS. Faça uma enquete no blog, se devo ou não assistir os próximos jogos.


De minha parte (tendo em conta, principalmente a terrível LA 2009 e mais este acontecido) proibiria o Neno de se aproximar a menos de 10 km (no mínimo) de qualquer estádio onde o Cruzeiro estivesse competindo, ainda que o adversário fosse o Tabajara FC (o Tretiquim é exemplo suficiente)...

O que vocês acham?

domingo, 24 de outubro de 2010

Margarida(amarga vida)

Margarida
é só uma flor
margarida
para mim é mais
no canteiro
alegria
mamãe gostava tanto



Margarida
é só uma planta
margarida
para min é tudo
lembranças
besouros amarelo
bolinhas pretas
estavam sempre lá

Margarida
canteiro na fazenda
sempre tinha
margarida
ficavam brilhosas
ao sol
mamãe aguando
papai arrancando inço

Margarida
canteiro na cidade
mamãe sempre carinhando
papai mimando
canteiro em frente
às prosas da filharada

Margarida
por último o canteiro
abandonado
eu tentando acudir
um último mimo
margarida
nos cabelos

Nem sei se gosto
mais de margarida

sábado, 23 de outubro de 2010

Humano

Eu sou completamente
diferente
e tão igual

Sou ingênuo
e inexplicavelmente
maldoso

Sou forte
e tão
vulnerável

Quero ser bom
e só penso
maldades

Quero ser belo
e só consigo
ser eu mesmo

Penso ser o melhor
mas a realidade
é bem diferente

SOU HUMANO

sábado, 16 de outubro de 2010

Alma Pequena

De que vale a alma,
se a vida engana,
se não há chama,
se apenas lucidez e calma?

De que vale a alma,
se o vinho deprime,
se a paixão oprime,
se é conhecida a palma?

De que vale a alma,
se o o sonho é factível,
se a mentira verossímel,
se má é a urbana fauna?

De que vale a alma?

Para encerrar segredos,
medos,
fracassos,
laços,
traços
de fé?

De que vale a alma?

Fuga: Isso sim é o que ela é!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Uma ajuda para uma maninha...

Li num post da Rose, Espaço Feminino, comentários de um anômimo que deduzi tratar-se de minha maninha Naira.

Também em outros post acredito ter havido a participação desta mesma anônima.

Então decidi tentar uma ajuda para que ela possa se identificar nos comentários e até mesmo postar no blog.

Vamos la:

Identificação nos comentários:

Opção A - Cadastrar-se como "seguidora": Na coluna direita do blog, onde estão os Seguidores (12 até agora), existe um icone com a inscrição Seguir; Clique neste ícone; Uma nova página abrirá e você terá as seguintes opções (i) Faça login usando uma conta que já tenha sido criada - opção que você usará se ja possuir uma conta (um endereço de e-mail) nos seguintes sites: google, twitter, yahoo, aim, netlog ou openid. Neste caso é só clicar no ícone correspondente a sua conta (por ex.: google) e fazer seu login; Daí, sempre que entrar no blog faça seu login (clicando em login, lá em cima, no cantinho direito, e pode comentar a vontade que estará devidamente identificada. (ii) Você não tem nenhuma destas? Neste caso você deverá clicar em Criar uma nova conta do google, que aparece logo após a pergunta anterior, e abrir uma conta seguindo as instruções;

Opção B - Após fazer o comentário assine-o (digite seu nome), assim todos saberão quem comentou embora no post apareça "Anônimo disse...".

Postar

(receitas, por exemplo)

Neste caso o administrador do blog (EU) terei que a convidar para participar como coloboradora, como já fiz com Thiago, Dado, Rose,  Fernanda Souza, Cocada e Tarlei, e farei com o maior prazer tão logo tenha sua conta, após o que você terá que aceitar meu convite que chegará até você via e-mail.

 Ajudei?!

sábado, 2 de outubro de 2010

?

Para mim, a mulher só existe nua
porque eu gosto dela pingando,
gosto dela crua

Não importa de que carne, de que alma é o gemido
Do suspiro angustiado, do arfar repetido,
só quero a inconsciência das entranhas
a demência da libido.

Pablo Gamba

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Espaço Feminino





Espaço Feminino - Rose =)




(Tia Naira, quede as receitas?????)

BOLO BOMBA

Creme:
2 gemas peneiradas (reserve as claras para serem utilizadas abaixo)
1 lata de leite condensado
2 latas de leite
1 colher de sopa de amido de milho
- Levar ao fogo até engrossar.

Massa:
2 claras + 2 ovos (batidos com o garfo)
½ copo de óleo
1 copo de água fervendo
Peneirar juntos os ingredientes abaixo:
2 copos de farinha de trigo
1 copo de açúcar
1 copo de Nescau
1 colher sopa pó Royal
- Colocar em uma forma pequena, untada e polvilhada. Colocar o creme sobre a massa. Assar em forno pré aquecido.
Depois do bolo assado, despeje um brigadeiro mole por cima.

Brigadeiro de Microondas
Misture:
1 lata de leite condensado
4 colheres sopa de achocolatado
1 colher sopa de margarina
Noz moscada
- Leve ao microondas em potência alta por 3 minutos e mexa e volte ao micro ondas por mais 2 minutos.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Família,
Olhem que eu achei de meu esposo!!
Título: Pequenos Poemas, envio alguns.

Família

A mãe, oficina, construía.
O pai provia,
Driblando credos e credores.
As crias cresciam:
Oficinas e provedores.

Aos pais saíam.

Arvoredo

Medo.
Fico assim:
Pendido – Sobre o rio que me levaria ao mar.
Preso – Ao solo que não me deixa ir a nenhum lugar.

Rochedo

Magma, sílica, séculos...
E o vento – filho indócil –
Molda.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Circo

José Saramago
(Portugal - 1922)


Poeta não é gente, é bicho raro
Que de jaula ou gaiola se escapou
E anda pelo mundo às cabriolas,
Aprendidas no circo que inventou.
Estende no chão a capa que o disfarça,
Faz do peito tambor, e rufa, salta,
É urso bailarino, mono sábio,
Ave de bico torto e pernalta.
Ao fim toca a charanga do poema,
Todo feito de notas arranhadas,
E porque bicho é, bicho ali fica,
A uivar às estrelas desprezadas.

sábado, 25 de setembro de 2010

Uma Pena!



Para voar, pássaros precisam apenas

de asas e penas.

Que pena,

não possuo nem uma nem outra!

E, sem roupa,

no topo do precipício,

sustento o suplício

de não ter escrito um só poema

que valesse a pena.



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fugidia




Escapou do encontro, levada por intrigas,

que nem gato arisco xispando com fogo no rabo.

Não carecia tanto. Queria apenas um trago

e uma palavra, que nem precisava ser amiga!

domingo, 19 de setembro de 2010

Meu Batizado


Queridos tios, tias, primos e primas, convido a todos para o meu batizado que será realizado no dia 09/10 às 14h00 na Paróquia Nossa Senhora da Rainha no bairro Belvedere em Belo Horizonte.

Entendo que a distância é um dificultador para a grande maioria de vocês, mas como é véspera de feriado, talvez alguns de vocês possam comparecer ao meu primeiro sacramento.

Beijos,
Isadora

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

"À Clarice ou aos tristonhos sem quimeras"

Assistindo a uma entrevista de Clarice Lispector, escrevi:

Hoje eu morri, talvez amanhã renasça, mas hoje eu morri. Falo: eu morri. Estou cansada. de viver essa existência do sonho. Há um vazio estrangeiro, sou toda uma dor não sentida, dor de morte. Hoje eu morri, repito. Venho morrendo pela vida afora,venho ficando assim solitária e cansada, mas não tenho vontade de ter companhia. As pessoas não me interessam, o interesse estava no que não eram, sabendo-as, não me interessam. Não me sabendo, sufoco. Hoje eu morri, morri de tanto saber o que não sei.Não há mais esperança, estou cansada... mas, talvez amanhã renasça e talvez até saiba que o que não sei é tão pouco, há muito mais o que não saber.Mas hoje eu morri e tudo está distante,impalpável...o morto não tem tato; e tudo está tão longe, inaudível...silenciou o que antes era música. Trago o olhar duro porque os olhos não me fecharam .Esse olhar de quem não sabe, esse olhar de cansaço, de solidão...mas o morto é mesmo solitário. E quando dele querem notícias perguntam aos outros, o morto não tem o que dizer, está morto. E assim, um dia, quem sabe, me fecharão os olhos para que não veja que a minha morte comove tão pouco, que essa ausência não faz falta. Hoje eu morri, e deixo, antes do estertor derradeiro, o silêncio dos que não precisam de consolo. O passado é uma roupa que não me veste mais. Entorna em mim o que é inexistência.

sábado, 11 de setembro de 2010

Hugo de St.Victor,monge saxão do século XII

"Quem acha doce a terra natal ainda é um tenro principiante;
aquele para quem toda terra é natal já é forte;
mas é perfeito aquele para quem o mundo inteiro é um lugar estrangeiro.
A alma tenra fixou seu amor num único ponto do mundo;
a pessoa forte estendeu seu amor a todos os lugares;
o homem perfeito extinguiu o seu."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O canto do nhambu

Nhambu cantou soturno,
papai alertou: seis da tarde,
lua minguante invertida,
derramando água,
chuva na invernada.

Simples assim...

Por meu turno,
dimensiono a saudade.
Feliz agora, nesta lida?
Haja mágoa!
Não há de ser nada...

Hoje, todos somos assim.

Vias

A vi numa vi_a
de única mão,
eu ia
ela voltava, eu não,
ainda assim, demos um encontrão.

Sorriu, sorri,
enlaçamos as mãos,
beijei-a, beijou-me,
enevoamos_nus, eternos segundos...
Nenhum quis a contramão.

Seguimos, cada um em seus mundos.
“Igualmente destrutivas são as faces opostas da moeda: sua escassez, que leva à miséria e à ruína do corpo, como seu excesso, que leva à soberba e à ruína do espírito.” J.K.Huysmans

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dia do ex-alcoolatra


Hoje, além de ser o dia da independência do Brasil,  é também o dia do EX-ALCÓOLATRA...

Vamos comemorar?

Claro, tomando umas...\

Paulo Freitas

Já que estava sem sono e tomando umas (ouvindo Super Tramp) fiquei "googleando"... Vontade de saber o que havia sobre Paulo Freitas.

Frequentemente sondo essas possibilidades, como se pudesse existir alguém que conhecesse mais do que sei.

O que segue, são fotos recentes e comentários de Fábio Libiano, encontrados na internet. Não sei de quem se trata...


A estação de Paulo Freitas fica aproximadamente a 15 km da cidade de Ingaí (Me parecia tão longe!). Apesar de existirem algumas fazendas na região (Algumas fazendas? Lá existiu, e certamente ainda existe A FAZENDA DOS COELHOS!), o local é um pouco isolado. Próximo da estação pude observar uma igreja e um grupo escolar (Estudei lá.). A estação em si parece ter sido modificada recentemente,e seu uso é o de moradia: notei uma pequena hortinha (Uma hortinha? Que coisa! Atrás, o que havia era um belíssimo bambual, ande amarrávmos os cavalos, enquanto esperávamos por alguém.) e uma antena parabólica no quintal da estação. Seu estado de conservação parece razoável, mas a placa indicando seu nome, além de ser de lata, está quase apagada. Pude fotografar neste dia um cargueiro de minério da FCA passando pela estação com locomotivas da EFVM atrelados à composição" (Fábio Libânio, 01/2007)".


A estação está bem descaracterizada. ( Fábio Libânio, 2007)


No barranco a esquerda da fotagrafia havia uma mina onde lavávamos os pés antes de embarcar. Na minha lembrança a rampa de acesso a plataforma era mais íngreme e o desnível entre esta e os trilhos maior. Me lembrava de uma estação mais imponente... Que coisa, observando no cantinho direito da foto, me lembro de haver ali um grande desnível (que não aparece), o que levava mamãe a tentar nos controlar, preocupada com uma eventual queda. O sino não aparece... Juro que o devolvi! (Marcos Aurélio, Set/2010)

A verdadeira história da Independência do Brasil


Tendo em vista a data de comeração da da Indepedência do Brasil, segue um texto bem interessante sobre o a assunto.

(Fonte: http://crazymann.kit.net/historia/arquivo/indepen.htm).

Que saudade dos meus tempos de fanfarra no Colégio Estadual: Eu na frente, com um bumbo, com a pintura do ""Brasinha" no couro (duvido que algum de vocês saiba do que se trata!), um moleton (seria?) amarelo vivo, com detalhes em preto, as mãos sangrando e manchando o instrumento, me sentindo o mais importante dos mortais, especialmente quando passava em frente a uma meninha especial do Kemper ou do Lourdes, na Praça Augusto Silva...

Todos nós vimos na escola aquela visão oficial de nossa história, com D. Pedro gritando às margens do rio Ipiranga de espada em punho o brado retumbante de "independência ou morte". Sabemos que normalmente a história oficial costuma dourar a pílula, e isso não é prerrogativa exclusiva do Brasil.

Bem, o culpado, em parte, é o pintor Pedro Américo, que pintou um quadro com soldados bem fardados, enfiou uma colina no vale do Ipiranga e trocou o pangaré de D. Pedro I por um cavalo alazão. E a data é puramente simbólica, já que a independência propriamente dita ainda demorou uns anos e custou uma senhora grana à título de indenização paga à Portugal.

Voltando da cidade de Santos, D. Pedro e sua comitiva cavalgam em direção a São Paulo. À frente, montado em uma mula, vai o prícipe regente, ladeado por seu conselheiro Gomes, mais conhecido como Chalaça, cuja principal função é ajudar o príncipe em suas escapulidas sórdidas. Ambos conversam:

- Chalaça, acho que aquele doce de ovos queimados não me caíram bem..

- Vossa alteza é que exagerou na sobremesa. Comeu demais.

- O que eu queria comer mesmo era aquela formosura..

- Dona Domitila? Bem que desconfiei... Ela não é casada?

- Tudo bem não sou ciumento. Rêêêê!...

- Depois eu é que sou o Chalaça. Cara mais gaiato...

- Mas tirando essa dor de barriga, esta viagem foi proveitosa. Botamos ordem em São Paulo e os Andrada no poder de novo. Pelo menos Bonifácio não me torra mais a paciência com este assunto.

- Falando em torrar a paciência, como está seu pai? Ele tá digerindo bem esta sua história de se recusar a voltar a Portugal?

- Não me fale em digestão cacete! A minha não está das melhores. E não esquenta com o meu pai. Eu tou enrolando ele. Não viu no início do ano? Fiquei dizendo que irira voltar. Mas acabei ficando mesmo.

- Sei não, Pedro. Teu pai até que é tranquilo, mas o fresco do seu irmão Miguel e aquela rapariga de cego da Carlota enchem a cabeça de D. João.

- Aquela peste enche a cabeça de meu pai é de chifre. Ela deve ter dado pra todo mundo na guarda! E além disso... Ai!

- Que foi?

- Vamos dar uma paradinha estratégica. Ui...

- Que foi? São os ovos queimados?

- Queimado vai ficar meu cú. Com licença...

Com a rapidez de um raio, D. Pedro desce da mula e corre para uma moita às margens do rio Ipiranga. Escutam-se gemidos e som de flatulências.

- O négocio aí tá brabo, né Pedro?

- Foda-se, Chalaça. Mais uma piadinha e você vai precisar voltar a enganar velhas viúvas para poder comer.

Enquanto o príncipe se esvaía em bosta, dois cavaleiros aproximan-se. Ambos descem de suas montarias e dirigem-se ao Padre Belchior, que acompanhava a comitiva.

- Onde está o príncipe?

- Está, digamos, ocupado.

- Temos uma mensagem urgente da Corte de Portugal.

- Vou chamá-lo. Esperem.

O Padre se aproximou da moita com os papéis.

- Vossa alteza, dois estafetas reais com decretos...

- Mas que hora! Diga-lhes que estou cagando para eles e os decretos!

- Mas são estafetas...

- Está foda, isso sim! Vou é limpar minha bunda real com estes decretos!

- Não é melhor o Padre ler antes? - Intervem Chalaça.

- Que seja. Manda ver Padre!

Belchior lê os papéis em silêncio. D. Pedro se aborrece.

- Fala logo porra!


" Meu filho Pedro,


Tá na hora de acabar esta farra. Você tá muito teimoso e precisa de um exemplo. Enrole seus panos de bunda e volte para a Europa, que a corte tá muito puta com suas presepadas e desmandos aí neste cu-de-judas. Estamos anulando todas as suas ordens.


D. João VI

P.S.: Quem manda nessa porra sou eu!"


- No cú, pardal! - responde D. Pedro, que sai da moita, ajeitando as calças. Pega os papéis do Padre e os lê.

- Bem que lhe falei, Pedro. E agora? Fudeu tudo?

- É o que vamos ver.

Ao subir na mula, o Regente fala à guarda de honra que o acompanha:

- Escuta aí, ô cambada! Eu tou com a gôta! E quero mais é que a corte de Portugal se foda pra lá! Eu sou mais eu! Arranquem de suas fardas as fitas de Portugal! Tá anotando, Chalaça?

- Sim Senhor. "Independência ou morte...!

- Não foi isso que falei cacete!

- Vamos convir que isso fica melhor em documento oficiais do que mandar a corte se foder.

- Tá, tem razão. Que seja. Independência ou Morte, Porra! - Grita, já erguendo a espada. O pessoal da guarda se entreolha, confusos e sem muito entusiasmo. Então D. Pedro grita:

- Tá todo mundo de folga hoje a noite. Bedida e puta por minha conta!

A gritaria é geral, com os guardas arrancando as fitas com as cores portuguesas e jogando-as para o alto.

- Você sabe animar a multidão, majestade.

- É isso aí. E obrigado pelo majestade.

- Com essa sua diarréia, você vai para o trono antes do que imagina.

- Palhaço. Vamos embora que eu ainda tenho que compor um hino ainda hoje, antes de começar a farra.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Entardecer Sertanejo

Continuo "navegando no meu caderno" (Ei, Nanda. Era assim antes do computer, tá?) e encontrei essa. Do tempo que eu era de esquerda... Desisti. PT? Argh!!!!

Como estamos em época de eleição resolvi a postar.



A noite é uma mentira,
assim como o dia foi,
morrem, um a um, meus sonhos,
como de sede morreu meu boi.

Calam-se as vozes e os lamentos,
na campina prospera a aridez,
no embalo de escaldante vento
que seca também o suor de minha tez.

flutuam no céu uma lua pálida
e esmaecida estrela de marfim,
um grito brota na noite cálida,
mas emudece dentro de mim.

Oro... Porque só me resta orar.
Para que lágrimas em nuvens se façam,
para que nuvens desabem um mar,
resgatando o verde dos que o desgraçam.

Oro... Porque só orar me resta,
esperar nos Santos e em Deus,
que o homem cumpra suas promessas
e lembre-se deste infeliz que o elegeu.

A aranha, o graveteiro e minha poesia

A aranha tece a teia.
Que fina e leve renda faz
criatura tão medonha e feia!

O graveteiro tece o ninho.
Que desastrada estrura faz
tão delicado passarinho!

Minha alma, quando verseja,
é aranha quando agoniada,
e graveteiro quando em paz.

Anjos e Santos





Já que fuçamos na infância, acabei achando mais essa, ainda mais "velha"... Datada: Out/69!







Fluem em vagas, como os oceanos,
as lembranças, quase nunca amargas,
dos tempos idos, de outros anos...
Bom mesmo era meu Anjo da Guarda!

Hoje me acodem os Santos.
São bons, mas nem tanto.

Não havia medo de nenhum perigo,
fosse qual fosse o inimigo,
imaginário ou real,
ao meu lado sempre estava meu Amigo
me livrando de todo e qualquer mal.

Hoje me acodem os Santos.
São bons, mas nem tanto.

Hoje me acodem os Santos.
São bons... Eu já nem tanto!

Às margens do Rio Capivari


Esta é bem antiga. Creio que da decada de setenta... Mas a poesia do Tarlei "Estive lá" me motivou para que eu a procurasse:






Nas águas do Capivarí:
Sol, chuva e lua.
Menino nu.
Piau, tubarana, lambari...
Nas águas do Capivarí.

Nas margens do Capivarí:
Mata virgem, expectativa...
Cavalo baio,
motin de gaios,
ronco de bugio.
Pendurado nos ombros:
Bornal, munição, fuzil.

Junto:
A bravura dos meus doze anos,
os subestimados conselhos de meu pai,
a aflição de minha mãe,
e, se ela pudesse me ver,
a admiração de meu amor.

Na volta:
Alforge lotado com estórias,
de lutas e vitórias.
Houve uma pintada ferida,
a descoberta de uma trilha perdida,
e, para meu espanto,
um bicho desconhecido,
meio homem, meio animal, meio santo,
com nada natural parecido.

Minha irmã atenta,
meu pai complascente,
e minha mãe ocupada
em esquentar o jantar
de seu herói.

sábado, 4 de setembro de 2010

Estive lá

Estive lá
vi a serra
vi o currá
estive lá
vi a luá
vi o bambuzá

Estive lá
outros na casa
outros no pomar
estive lá
outras pessoas
outro lar

Estive lá
murmura o corgo
assovia o vento
estive lá
do corgo um cochicho
do vento um lamento

Saudades- saudades
Cadê Seo Mirto
Cadê D.Maria
Cadê os meninos
Cadê minha alegria

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Deleite

Teu abraço
lagoa morna
mergulho profundo
deleite

Tuas palavras
vento que assovia
murmurio gostoso
chuvisco no telhado

Teu beijo
doce gosto
fruta macia
prazer suculento

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Procura-se

Desapareceram deste espaço e estão fazendo muita falta:


Cocada

Foto obtida numa belíssima excursão pelo sul de Minas, organizada pelo Milton, Naira e Chiquito. A foto não é das melhores, mas é a única disponivel.
Esteve por aqui pela última vez em  9 de agosto de 2010, as 18h08min, comentado uma bela poesia do Tarlei e depois nunca mais.



Tarlei

Foto obtida quando de um festa de passagem de ano, organizada pelo Dado e Lu. A foto também não é lá essas coisas... Fazer o que? O modelo não ajuda!
Esteve por aqui pela última vez em 08 de agosto de 2010, as 16h45min, justo quando publicou a poesia acima aludida, e depois também nunca mais...

Se alguem souber do paradeiro ou tiver alguma notícia das figuras, favor informar neste Blog... Não há recompensas por isso, mas a Ferreirada saudosa agradecerá.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Recordar

Ferreiras,

que coisa mais gostosa esse blog. Hoje dei uma "navegada" em posts passados e é uma delícia ler os comentários, poesias, causos e etc de todos, Diminui um pouco a saudades de todos


beijos,
Dado

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Muros

Konstantinos Kaváfis
(Tradução: José Paulo Paes)

Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar,
ergueram à minha volta altos muros de pedra.

E agora aqui estou, em desespero, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio a mente me depreda.

E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.

Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mais um recurso para o blog

Pessoal,

Temos um novo recurso no blog que permite que a gente receba um e-mail no final do dia informando se surgiu algum post novo no site. O recurso fica no lado direito do site ("subscribe via email").
É só colocar o e-mail que você quer cadastrar e seguir os passos que são indicados.

Infelizmente, ele não avisa quando um novo comentário foi feito. Funciona somente para novos posts.
De qualquer maneira, é mais um recurso para facilitar a nossa vida.
Se alguém tiver dúvidas, a gente tenta ajudar! Rs...

Bjs a todos!

domingo, 22 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Curtinhas

"Coragem é o medo aguentando um pouquinho mais" (Thomas Fuller)

Manifestações da Trindade ou Heráclito, a Hiena, o Búfalo


Heráclito Silva era um homem mais temido que respeitado. Seu rosto enrugado, duro, ossudo, sua barba espessa e ruiva creditavam-lhe certa ferocidade. Bruto, de uma índole baixa, intolerante e arrebatada, sempre desdenhara da existência alheia como de qualquer código contrário às suas mais imediatas vontades. Fazia questão de tratar aqueles que lhe prestavam serviço com arrogância ou, quando bem-humorado, com a mais total indiferença. Assim, diante da oportunidade, foi bastante natural que Heráclito passasse a se valer de jovens tolos e ambiciosos, contratados no peso da palavra, com falsas promessas e ameaças verdadeiras, para tratar de seus assuntos menos enobrecedores. Esses jovens, aos quais chamava intimamente meus Capaus, tiveram destinos desastrosos, muito embora se propagandeasse aos quatro ventos pela região ser Heráclito o mais generoso benfeitor da Criança do Futuro, entidade local para o desenvolvimento da criança e do adolescente, portanto forte candidato a cadeiras municipais quaisquer. Manejando com tamanha destreza a adaga da hipocrisia, Heráclito soubera se servir muito bem durante toda a vida de sua conduta mesquinha, de seu caráter maleável e por isso ascendeu alto e rapidamente nas esferas interessadas do dinheiro. Fora uma Hiena sempre solícita quando lhe convinha, sempre imiscuída em esquemas fraudulentos, sempre disposta à derrubar detratores como aliados como quem quer se interpusesse em seu trajeto, sempre sorrateiramente, pelas beiradas, pela retaguarda, insensível como uma Hiena…

Ano após ano a cena se repetia. Um verão escaldante na planície de Ngorongoro. A caldeira fumegando de criaturas sedentas, sobretudo por carne. Um grande Búfalo, de pêlos espessos e ruivos, de olhar esmaltado e semblante indisposto, acabava de tomar uma decisão equivocada, avançando cada vez mais, sem ousar retroceder, se afundava no denso lamaçal. Extremamente pesado, o Búfalo se vê subitamente subjugado pela lama, atolado, sem poder se deslocar. Ato contínuo, como neblina ligeira em estrada da manhã, um bando de Hienas se aproxima, atraída pela movimentação angustiada do Búfalo. Elas são leves bailarinas, não afundam no lamaçal. A primeira mordida é apenas um beliscão, um teste para avaliar a imobilidade do bubalino. A segunda lacera seu couro e penetra sua anca. O Búfalo impulsiona abruptamente seus grandes chifres para trás, mas seu golpe passa no vazio e uma terceira mordida, potente e penetrante, atinge seu dorso. O Búfalo urra, retesa o pescoço e ensaia uma chifrada patética, que as Hienas ignoram. O Búfalo encara fixamente uma de suas algozes; essa Hiena tem olhos absolutamente negros e indiferentes. Os olhos do Búfalo diante da morte são os olhos de Heráclito. As repetidas mordidas que lhe assomam são devastadoras. As entranhas de sua anca e da parte traseira de seu dorso estão expostas. O odor de sangue domina a paisagem. Vinte e três Hienas banqueteiam sobre um Heráclito insistentemente vivo. Cinco minutos depois, seus olhos vitrificam e ele já não respira. Meia hora depois resta-lhe apenas alguns pedaços de ossos espalhados e a longa vértebra ferrenhamente disputada por duas velhas amigas…

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Meia Maratona

No último revellion, entre muitas e várias, lá pelas tantas o Miltinho colocou três objetivos pessoais para 2010. Como a cervejada é um enorme fator motivacional, copiei a idéia e tracei meus três objetivos do ano.

No último domingo, 08/08, meu primeiro dia dos pais, com o presente que Deus me deu não para o dia dos pais, mas para toda vida, minha filha (de boca cheia), a pequena Isadora, acordei cedo, 06h30, e parti para realizar um dos propósitos do ano, terminar uma meia maratona.

A prova, que não foi tão bem organizada como outras, começou por volta das 08h20. 1h57min55seg depois cruzei a linha de chegada em 130º entre os homens na minha faixa etária (40 a 44) e o 859º no geral. Foram 21.097 m, ou seja, algo como percorrer um trecho de Lavras a Perdões pela Fernão Dias.

Como era dia dos pais, dediquei a conquista ao nosso pai, pois além dele ter me acompanhado na corrida, ele era um admirador dos esportes e das corridas de longa distância por conta da superação do ser humano.

Pra descontrair




Vídeo com Lula dizendo que tênis é esporte de burguês dispara no YouTube

Pessoal,

Vou começar a participar do blog trazendo um pouco das notícias e assuntos que me interessam no dia a dia, e um pouco de "futilidades" também! Não tenho capacidade para escrever tão bonito como os talentosos da família, mas é uma maneira de eu me sentir um pouco mais perto de vocês!

Começo com este vídeo que está dando o que falar na internet.

Além de uma postura do Lula que na minha opinião está muito distante do que um presidente deveria ter, ainda temos o Sérgio Cabral, governador do Rio, chamando o rapaz de Otário...
O "futuro da nação" foi muito bem tratada neste encontro...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Menino não sonha

Gotas de luz salpicam a folha branca,
letras, rasto de lesma sobre sua negra anca,
gosma, gozo, espasmo, poesia, prosa,
a natureza se basta e por si goza.

Estertor pélvico, substância amorfa, vasca,
Sinha’na me chama da senzala, lasca,
estrepe, lâmina, não me chama, me ama,
canta-me uma canção de por menino na cama.

Menino não sonha, flor, pétalas, estremece,
mel no bico, pássaro implume, nu, desanoitece,
no canto aveludado, solitário, noctívago, de jaó,
a camisa rala, o peito magro, o olhar de coió.

domingo, 8 de agosto de 2010

BEBI UMAS E SAIU ESTAS

Pouco faço
pouco mereço
sou raso
fácil de se alcançar
sou límpido
fácil deslumbrar
tenho medo
tenho senso
só quero ser eu mesmo


Queridos meus
não reparem
é um rascunho
rascunhado com coração
sem pensar
sem estética
apenas um rascunho
isto é
sem intensão
sem pretnesão
rascunhado
apenas protótipo
sem pretensão
sem tesão

sábado, 7 de agosto de 2010

Dia dos Pais

(Em que pese a falta de nosso querido pai, PARABÉNS PAIS FERREIRAS!)

O Dia dos Pais tem origem na antiga Babilônia, há mais de 4 mil anos. Um jovem chamado Elmesu moldou em argila o primeiro cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai.

Nos Estados Unidos, Sonora Luise resolveu criar o Dia dos Pais em 1909, motivada pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. O interesse pela data difundiu-se da cidade de Spokane para todo o Estado de Washington e daí tornou-se uma festa nacional. Em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou o Dia dos Pais.

Devido a história, nos Estados Unidos, ele é comemorado no terceiro domingo de Junho. Em Potugal é comemorado a 19 de Março. No Brasil, é comemorado no segundo domingo de Agosto. A criação da data é atribuída ao publicitário Sylvio Bhering, em meados da década de 50, festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família. (dia que também se comemora o dia do padrinho segundo a tradição católica)

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_dos_Pais

A poesia de Paulo Leminski

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?


Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
em matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.


não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino


nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez


Tarde de vento.
Até as árvores
querem vir para dentro.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Causos de Milton Ferreira


(A batalha no vagão da RMV)\


Fez parte de minha história, nos meus tempos de menino – e também nos meus anos adolescentes – a RMV: Rede Mineira Viação (também conhecida maldosamente por “Ruim ‘Mais’ Vai”; complementarmente, meu pai, algumas vezes, um gozador, quando avistava sobre aqueles trilhos vagões da RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A. – dizia tratar-se da ‘Rede, Farsa, Fingida, Sem Aducação’), uma rede ferroviária que unia os municípios de Barra Mansa, no estado do Rio, e Ribeirão Vermelho, em Minas Gerais, num percurso total de 295 km, que demandavam, quando as locomotivas já eram a diesel, sem contar os freqüentes e longos atrasos, cerca de oito horas de viagem para serem percorridos de ponta a ponta. Entre estes dois extremos, seus trilhos de aço serpenteavam cruzando várias cidades, vilarejos, povoações, estações e paradas, entre as quais a Estação de Paulo Freitas, distante cerca de seis quilômetros da lendária Fazenda dos Coelhos. Era este um meio de transporte comumente usado para os deslocamentos de ida e volta de Lavras para a Fazenda dos Coelhos.

Creio que muitos de nós, se não todos, têm casos interessantissimos relacionados com aquele “tremzinho mineiro”, também conhecido como “mineirinho de ferro”, ou simplesmente “mineirinho”. Eu mesmo já estive envolvido com vários destes acontecimentos, como por exemplo, as perseguições montadas que empreendíamos, na qualidade de assaltantes, ao longo da várzea do Padrinho Waldemar; a tomada por empréstimo não autorizado do sino da estação; comprar escondido cigarros no vagão restaurante; vender laranjas para os passageiros; e, principalmente, esperar na estação e alegrar com a chegada de um (a) amigo (a), namorada e morrer de saudade quando de suas partidas...

Mas o que eu quero comentar agora é o fato que denominei “A batalha no vagão da RMV”.

O “mineirinho” oferecia duas opções para o transporte de passageiros: a “primeira classe”, um pouco mais cara, e “segunda classe”, a mais barata. Pelo que me lembro, não havia muita diferença entre uma “classe” e outra: Os bancos estofados na “primeira classe” e de madeira na “segunda classe”, as bagagens mais elitistas e os narizes mais empinados dos passageiros da primeira e só. Além disso, havia ainda uma diferenciação nos preços: Isenção de pagamento de passagem para, se não me engano, menores de cinco anos, inclusive; meia passagem (meia) para crianças entre cinco e doze anos, também se não me falha a memória; e passagem inteira (inteira) para passageiros com treze anos ou mais de idade.

A vida nunca foi fácil para nosso pai e a grana quase sempre muito pouca ou quase inexistente, assim a nossa opção, salvo raríssimas exceções, por mim desconhecidas, era a “segunda classe” e isso significava estarmos entre a ralé. Não que isso fizesse alguma diferença para nós, ao contrário, era até mais divertido, mas que o “chefe do trem” nos olhava algum desprezo, ah sim: olhava!

Naquela viagem, papai comprou as passagens para a "segunda classe": Duas inteiras, para ele e mamãe, cinco meias, para embarcar Eu, tio Tarley – que passou as férias em Paulo Freitas, Maria Aline, Humberto e Miriam; e fazendo uso da isenção de pagamento Naira e Milton – creio que o Tarlei, mano, ainda não fazia parte da Troupe.

Um parêntesis: Se fizerem as contas constatarão que minha idade não era assim tão avançada, portanto não tenho na memória todos os detalhes do ocorrido, assim como não tenho total segurança se as pessoas envolvidas eram mesmo as que agora cito. Se alguém tiver mais detalhes, ou constatares algum erro, por favor, fique a vontade para ajustar o texto.

Após longo atraso, embarcamos no “mineirinho” e nos acomodamos num dos vagões da segunda classe, entre balaios, sextos, sacolas, galinhas e periquitos (com algum exagero). Também embarcaram no mesmo vagão: Padrinho Waldemar, Tia Chiquinha e filhos; e lá encontramos Tio Ruy e Tio Celso e respectivas famílias que haviam embarcado em Carrancas – Bons tempos aqueles, o mundo era pequeno!

E fomos nós, no embalo do trem.

- Itumirim... Itumirim... – Veio apregoando o “chefe”, conferindo as passagens e “picotando” as daqueles que haviam embarcado na estação anterior, como nós.

- De quem são estas passagens? – Perguntou ele a meu pai que, por sua vez, reportou a quem correspondia cada bilhete.

- E a daquela menina? – Perguntou ele apontando para Naira.

- Ela tem menos de cinco anos. – Respondeu meu pai.

- Não me parece... – Replicou o “chefe”. – Me apresente a certidão de nascimento.

- Tá me chamando de mentiroso? – Perguntou papai, já se alterando.

- Ainda não... – Retrucou o chefe.

O pau quebrou!

Papai literalmente voou no pescoço do chefe gordinho e ambos foram parar no chão do trem. Agarrado por vários, papai foi puxado de cima do chefe, que levantou com dificuldade, vermelho que nem a locomotiva que puxava a composição e soprando sofregamente seu apito no intuito de alertar a segurança (que, pelo que me lembro, não existia)... Tio Ruy interveio, apaziguador, mamãe tentando conter papai e, creio, a coisa foi resolvida com a promessa de que uma passagem seria comprada em Itumirim, certamente sem o acordo de papai.

Dali para frente a viagem foi uma festa: O que havia sido um incidente (grave, certamente), transformou-se numa épica batalha. Nossa excitação de meninos destemidos era a tônica, cada qual garantindo participação decisiva no embate, que passou a contar com galinhas e paina de travesseiros voando, chefe do trem quase que atirado pela janela entre outras proezas de igual ou maior bravura.

Se Naira tinha cinco anos ou menos não sei...

Provavelmente não.

Em 26 de agosto de 1996 o “mineirinho” fez a última viagem partindo de Ribeirão Vermelho, até Barra Mansa.

(abaixo um link bacana)


http://www.youtube.com/watch?v=jy40gBhXZYA

/

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Damas

Algumas damas
rodam nas esquinas
suas bolsas
coloridas...
Uma outra
a família.

Tão iguais!

Cadê arte?

Quis desenhar-te...
Cadê arte?

Seguias. Impávida.
- Pobre desta alma pálida! -
A veste larga lambendo as ondas salgadas,
como solitária gaivota desvairada,
inebriada de sol.

Quis chamar-te...
Cadê arte?

Desfizestes. Desértica.
- Pobre desta alma esquelética! –
A espuma, doce sal, cristalizada,
a efemeridade onírica eternizada,
e só...

Quis matar-te...
Cadê arte?

domingo, 11 de julho de 2010

Espanha

Ferreiras,

em homenagem a Espanha seguem algumas músicas (não necessariamente nessa ordem) de Paco de Lucia. Se não me engano alguém lá em casa tinha um disco (LP mesmo) dele.

1) Com Al di Meola

2) Outra

3) Mais uma

4) ùltima



Beijos,
Dado

sábado, 10 de julho de 2010

Malagueta

O Ronaldo me presenteou com um cavalo,dei o nome a ele de Malagueta,em homenagem a uma criatura espetacular que conheci no passado.Acho que o nome lhe cai bem;pois é alegre bem disposto e muitas vezes bem ardido.Depois eu envio uma foto para vocês.

P.S . Ainda não me derrubou.
Beijos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quintana, Adélia & Affonso

(Foto: Por de sol no Pantanal Norte - Rose)

DAS UTOPIAS
Mario Quintana

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!


POEMINHO DO CONTRA
Mario Quintana

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


SINÔNIMOS
Mario Quintana

Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.


TREM DE FERRO
Adelia Prado

Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.


FACA & QUEIJO
Adélia Prado

Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.


CHEGANDO EM CASA
Affonso Romano Sant'anna

Chegando em casa
com a alma amarfanhada
e escura
das refregas burocráticas
leio sobre a mesa
um bilhete que dizia:

- hoje 22 de agosto de 1994
meu marido perdeu, deste terraço:
mais um pôr de sol no Dois Irmãos
o canto de um bem-te-vi
e uma orquídea que entardecia
sobre o mar.

Minas Gerais




Terrinha santa!!!!
Eita trem bão, sô!

Vuvuzelas


(Do blog de Affonso Romano)

DE MAIESE CRAMACHO recebi essa engraçadissima e apropriada mensagem:



Não é de hoje que essa 'coisa' (vuvuzela) enche o saco... rs...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um pouco de KAFKA & BRECHT

KAFKA

Um primeiro sinal do conhecimento nascente é o desejo de morrer. Esta vida parece insuportável; uma outra, inalcançável. Não há mais vergonha em se desejar morrer; pede-se apenas o deslocamento da velha cela, que se odeia, para uma nova, a qual no devido tempo se aprenderá a odiar. Um resquício de fé deverá fazer crer, durante a mudança, que o Senhor vai casualmente surgir no corredor, olhar o prisioneiro e dizer: “Este não deve ser preso novamente. Ele vem comigo”.


No passado eu não compreendia porque não encontrava respostas às minhas perguntas; hoje não compreendo como podia acreditar que pudesse perguntar. Entretanto, eu não acreditava, perguntava somente.

Quando eu começava a fazer alguma coisa que não te agradava e tu me ameaçavas com o fracasso, então o respeito pela tua opinião era tão grande que com ele o fracasso era inevitável.


BRECHT

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida (nosso pai)
Estes são os imprescindíveis.


Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem.


O Vosso tanque General, é um carro forte
Derruba uma floresta esmaga cem homens,
mas tem um defeito:
- Precisa de um motorista.

O vosso bombardeiro, general,
é poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
e transporta mais carga que um elefante,
mas tem um defeito:
- Precisa de um piloto.

O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar e sabe matar,
mas tem um defeito:
- Sabe pensar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Águas passadas

Meu peito
borbulha
farpas
agulha

Mina dágua
nascente
riacho
crescente

meu leito
solidão
não tenho mais
você no colchão

Água parada
lagoa
sua falta
magoa

Fumaça
neblina
o sofrimento
ensina

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Isabela e os Pombos

Domingo. Manhã de muita luz. Caminhamos, eu e minha netinha, pendurada na minha mão direita, no calçadão ensolarado da praia de Ipanema. Vamos quietos, eu carregando meus sessenta e ela a pureza de seus dois aninhos, até que surgiram os pombos...

Dezenas deles! Desceram em revoada, cobrindo de cinza o banco próximo e de espanto minha princesa, que subitamente lançou-se no meu colo. Também vestida de cinza, miúda, franzina, cabelos muito brancos e cuidadosamente enrolados num coque, uma velhinha estendia aos pombos sua mão frágil com um punhado de milho, daí a razão do alvoroço dos pássaros.

Aproximei-me, com minha netinha agarrada ao meu pescoço.

Durante alguns minutos, apenas fiquei ali. Ouvindo o incessante arrulhar e observando a extrema fragilidade da cena. A sensação que me tomou foi de que um único ruído, por mínimo que fosse, seria suficiente para espantar os pombos e fazer desaparecer no ar a bondosa senhora e que, tão logo isto acontecesse, também eu e Isabela seriamos tragados pelo nada, incorporados que estávamos ao cenário.

Ainda assim continuei um pouco mais ali.

Isabela, ainda no meu colo, olhos arregalados, mas já não tão assustados, acompanhava a movimentação dos bicos e asas... E, então, a vovozinha me ofereceu um punhado de milho para que eu alimentasse os pombos na minha mão. Aceitei. Com Isabela no meu colo, estendi meu braço oferecendo as sementes. Vieram aos montes, rodeando nossas cabeças, pousando no meu braço, arrulhando, bicando, engolindo os grãos dourados, para assombro de minha netinha...

Depois de nos desagarrarmos da cena, prosseguimos pelo calçadão até um quiosque e ali, enquanto Isabela bebia a água de um coco, eu pensava na efemeridade dos momentos. Assim como a fragilidade percebida na revoada dos pombos, esta cumplicidade, vovô e netinha, tem asas ligeiras que a levam para onde não sei.

No dia seguinte eu já estaria de volta em Mato Grosso... O que justifica esta ausência?

terça-feira, 29 de junho de 2010

29 de Junho - Dia do Futebol

"Os Ferreira - Também é cultura (Futebolistica)"


29 DE JUNHO - DIA DO FUTEBOL


[junho de 1999]

A bola vem alta na direção do atacante, que de costas para o gol, faz o impossível: levanta vôo e, sempre de costas para o gol, chuta a bola em pleno ar.

Está no filó!

No dia do esporte mais popular do país, recordamos Leônidas da Silva, o “Homem de Borracha”, criador de uma das mais belas jogadas do esporte: a bicicleta, mistura de futebol, balé e capoeira. Carioca, nascido em 1913, craque da seleção, Leônidas atuou em clubes do Rio e de São Paulo. Apelidado “Diamante Negro”, em sua homenagem foi criada linha de chocolates até hoje no mercado.